Ouça: André Whoong

Cronista da vida na fase dos 30 anos, paulistano surpreende com disco de estreia

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Fotos: Daryan Dornelles

Quando fui ter meu primeiro contato com André Whoong, já houve uma identificação imediata com seu primeiro disco por ele ser chamado 1985 – seu ano de nascimento e, veja só, o meu também. De acordo com seu release de imprensa, ele também nasceu em São Paulo, também tem pai músico e também ouvia The Carpenters. Até aí, nossas semelhanças já são tantas que o primeiro nome de ambos nem precisa ser levado em consideração.

A música que fui escutar primeiro foi o single Eu Vou Parar de Beber, que narra situações diferentes em uma noite de bebedeira que nunca vivi e evitava (ainda evito) viver, então não posso afirmar que me relacionei tanto com ela. Contudo, são situações que já ouvi tantas vezes de amigos, colegas e conhecidos (isso quando não fui testemunha dos causos), então foi fácil identificá-la como pertencente ao meu universo.

Daí veio o álbum propriamente dito e ele não poderia começar melhor (ao meu ver): “Não tenho paciência pra socializar na rede virtual, agindo feito tal, dá vontade de morrer” – depois dessa, já ouço até algum conhecido meu comentando que “André é tudo igual”. O mais legal é que ele tece seus comentários não com aquela postura de ar de superioridade, mas como quem compartilha a leitura que faz a partir do que observa da vida.

E tem muito dessa nossa fase dos 30 anos na música de Whoong – mais do passado do que do presente, talvez. Você ouve o disco e vai lembrando das tantas situações que te trouxe ao momento que viveu, algo certamente influenciado pela interpretação emocionada do músico ao longo das faixas.

Não tem como ouvir Amigos e não se lembrar de pelo menos uma história (“Será que eu consigo ser só seu amigo?”), ou escutar “Eu sinto falta do meu ócio criativo, não que eu esteja tão ativo, mas falta saco pra coçar” (em Ócio Criativo) e esboçar um sorriso de quem já pensou nisso algumas vezes ao longo do tempo já vivido.

Existe uma sinceridade interessante – bem humorada e sensível ao mesmo tempo – em suas músicas que fica melhor ainda nas referências múltiplas e contemporâneas que ele trabalha. Sintetetizadores, psicodelia e produção de primeira são algumas das características que saltam aos ouvidos, assim como participações de gente como Tiê e Leo Cavalcanti ao longo da obra. Detalhes que fazem sua música ser imperdível.

Melhor ainda é poder afirmar que você não precisa estar na faixa dos 30 anos pra curtir o som de André Whoong, que deve agradar vários fãs da música autoral de hoje em dia com suas canções bem feitas e bem interpretadas. Se você nasceu circa 1985, contudo, confesso: É nóis.

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ARTISTA: André Whoong
MARCADORES: Ouça

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.