O quarteto dinamarquês Iceage, mais que música, parece estar criando um culto em seu país natal. Com pouco tempo de vida, a banda já arrasta muita gente em suas apresentações regadas a bebedeiras, rodinhas punk e, é claro, muito barulho, onde facilmente convivem punks e os góticos, ou qualquer tipo de pessoa que goste de um som sujo, rápido e explosivo, e já conta até mesmo com fãs que marcaram sua pele com o símbolo da banda.
O som dos dinamarqueses pode ser descrito como híbrido entre o Post-Punk, o Hardcore dos anos 90 e ainda um pouco da aura gótica, tudo isso envolto em muita sujeira e barulho. A aproximação do Punk se dá mais pela estética e sonoridade do que pelas letras, ao contrário do que acontecia nos primórdios do estilo, em que existia uma veia política pulsante, e o quarteto de Copenhague prefere temas mais brandos recorrentes à juventude, porém nada banais.
Dessa mistura não muito normal, saiu uma banda que consegue misturar diversos elementos diferentes e ainda soar cru e simples, o que pode ser ouvida no seu ótimo disco de estreia, New Brigade (2011). As referências são incorporadas levemente, nenhuma delas aparece escancarada no disco, nem mesmo as que remetem às bandas de sua terra natal são tidas como modelo absoluto, como de Sexdrome e Cult of Youth.
Os 25 minutos de New Brigade trazem um registro explosivo e quase anárquico, seu som simples faz jus à tag “Punk”, assim como o peso das guitarras aceleradas. Dá pra imaginar uma banda dessas fazendo parte da primeira explosão do movimento no meio da década de 70, seu disco consegue ser tão significativo no cenário atual quanto os primeiros discos de Ramones e Clash foram em suas respectivas épocas.
A banda é oriunda de uma cena Punk dinamarquesa que ganhou ainda mais força e reconhecimento após o lançamento deste álbum. Curiosamente, a Iceage foi “descoberta” pelo Sexdrome (banda precursora da cena), que desprezou do som deles logo de cara, mas os integrantes acabaram se tornando amigos e dividem os palcos hoje em dia.
