A música deste início de século, com tudo o que aconteceu ao seu redor, parece ter um grande caráter agregador, como se seguisse a tecnologia que, como dizem por aí, deixou o mundo menor e o tempo mais curto. É interessante como Kyson parece seguir esse espírito ao causar uma sensação oposta dessa ideia no ouvinte. Ao ouvirmos suas composições, relógios e mapas parecem ganhar dimensões próprias e amplas para acompanharem a ambientação etérea preenchida pelo vocal do músico.
Nascido na paradisíaca Adelaide (Austrália) e residente na metropolitana Berlim (Alemanha), o produtor e cantor Jian Kellett Liew – o nome por trás do projeto -parece conseguir organizar a muita informação dos dias de hoje em um oásis musical feito por sintetizadores.
Essas músicas estão no álbum A Book of Flying, com lançamento neste primeiro dia de abril. Já é seu terceiro álbum, embora seu nome siga relativamente obscuro, principalmente para um grande público. Seus discos anteriores (The Water’s Way, de 2013, e Blackstone, de 2012) já traziam essas características, mas ele parece estar agora mais seguro para ir mais a fundo com uma certa ideia de minimalismo expansivo.
Seu trabalho nesses discos já era bastante interessante (ainda que menos original) e um tanto impressionante – algo como o lado intimista de James Blake combinado aos momentos mais etéreos de M83, por exemplo (o que não é nada, nada mal para uma descrição).
Ouvir Kyson é um processo hipnótico, sinestésico e envolvente. Aproveite o lançamento de A Book of Flying e tire o atraso para conhecer mais da obra do músico.
