Talking with Strangers é uma das músicas que mais se destacam no trabalho de Miya Folick, uma composição introspectiva e sempre crescente que incorpora volume e timbres à medida que a cantora californiana abre seu coração e voz em uma sensibilidade que é sempre boa de ouvir e um domínio sobre o arranjo e interpretação raro entre novatos.
Não é à toa que seu primeiro EP tenha sido batizado com o título dessa canção, já que ela apresenta-se como o cartão de visitas ideal para o trabalho da moça, lançado no finzinho de 2015 – ou seja, ainda dá tempo de se contextualizar com sua obra e aproveitar estas seis faixas enquanto ela não solta algo novo.
Exercendo uma estética que ela chamou de “Rock de Crise Existencial”, ela pode ter seu trabalho descrito também com vertentes que surgem da intersecção de Folk e Pop, mas essas palavras são pouco relevantes no mergulho em seu som.
Suas músicas são envolventes e fisgam o ouvinte pelo emocional, embora as audições atentas, com os filtros críticos ligados, vão também deixar claro o quanto esse som tem qualidade.
Não se intimide com o visual artificial-meio-boneca (mais alguém lembrou de Sia?), ele pouco tem a ver com uma qualidade mais sombria – como a explicitada no clipe de Oceans – ouvida ao longo de Talking with Strangers.
Miya Folick tem tudo para ganhar os holofotes por ainda muito tempo (até porque ela apresenta um domínio sobre sua música que só músicos mais experientes parecem carregar). Acima de tudo, vale ouvi-la pelo fator mais individual, já que sua obra é daquelas que se relacionam pessoalmente com o ouvinte.
