Ouça: Nunes

Pernambucano de 16 anos, membro do coletivo The Mozões, impressiona com sua musicalidade

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“Oi, Phylipe, tudo bem? Posso te chamar de Nunes? A gente não se conhece ainda, mas eu passei a última semana ouvindo seu disco e, no meio de muitos pensamentos, decidi te escrever algumas das coisas que me vieram à mente, se você me permitir.

Bom, pra começar, eu preciso te dar os parabéns pelo disco. Nunes, desde a primeira vez que ouvi, virou um daqueles trabalhos que dá vontade de ouvir ou enquanto estou fazendo alguma coisa meio chata (daí me acalma), ou quando quero viajar um pouco nas minhas ideias. Gosto da sua voz, da maneira com que você trabalha algumas composições e de um espírito muito criativo que identifico em você.

Minhas partes preferidas no disco são quando você canta em português em No One e alguns momentos de Angélica. Sweet Solidão não conta, ela é maravilhosa demais do começo ao fim. Parabéns por cada uma delas e pelas outras do disco também.

Não ache estranho se todo mundo ficar surpreso com sua pouca idade. Não é qualquer um que consegue fazer um trabalho tão bonito assim, com músicas próprias e gravado em casa, aos 16 anos, como você. Eu mesmo nessa idade já escrevia e tal, mas não fazia nada que prestasse (o que não mudou muito, mas isso não vem ao caso). Eu espero que você entenda o quanto você é talentoso e o quanto você tem potencial.

E é sobre isso que eu mais queria falar. Vale a pena ficar de olho para não se acomodar com a própria capacidade (o que pode te fazer ou estacionar em um estágio confortável, ou não perceber o que não está fazendo tão bem assim), assim como não confiar demais no seu taco e deixar de ouvir os comentários dos outros, principalmente críticas, que te fariam crescer. Se gente da minha idade (quase o dobro da sua) passa por isso, imagina alguém na adolescência, que ainda deve mudar pra caramba a maneira com que pensa, sente e age (é estranho ouvir isso – até um pouco “mala” às vezes -, mas pode crer que é verdade).

Eu fico aqui querendo que, quando a gente se conheça, eu olhe para você e veja uma inquietude grande para fazer tudo cada vez melhor. Se você investir em maturidade agora (mesmo quando ela incomoda), eu tenho certeza que você será um dos grandes daqui poucos anos. Tenha força de vontade, mas não tenha pressa. Faça aí sua parte e vai ser ótimo.

Boa sorte nos próximos lançamentos, sejam eles solo, com The Mozões ou com quem for. Já estou ansioso pra ver o que mais vem por aí.

Abraços,

André Felipe”

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ARTISTA: Nunes, The Mozões
MARCADORES: Ouça

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.