Courtney Barnett – Pedestrian At Best

Primeiro single da australiana é uma das melhores faixas de Rock do ano até agora

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Desde que ouvi Courtney Barnett pela primeira vez, o que mais me impressionou sempre foi a esperteza com que, como quem monta um quebra-cabeça, a australiana conseguia encaixar pensamentos banais do nosso cotidiano em melodias envolventes e empolgantes. A cada novidade, ela nos deixava com a sensação de que havia encontrado uma fórmula quase perfeita para compor, já que por sua maneira quase literária de escrever uma canção, ficaria difícil enjoar de seu som, pois cada faixa trazia uma história ou reflexão diferentes.

O som que envolvia estas histórias também era sempre o bom e velho Rock, às vezes com características que lembram o Folk, ou seja, estilos que estamos há pelo menos 50 anos curtindo sem se cansar. Por isso, gradualmente, Courtney Barnett ia subindo um degrau a cada lançamento na minha lista de nomes mais interessantes a surgir na música nos últimos anos.

Mas ainda faltava seu tão aguardado primeiro disco. Para quem acompanhou sua trajetória aqui pelo Monkeybuzz, deve entender o motivo de não considerarmos totalmente The Double EP: A Sea Of Split Peas como álbum de estreia da cantora. A própria citou bastante na época que este era apenas uma junção de dois EPs que compilavam músicas compostas ao longo de muito tempo. Quando fosse para ela lançar seu primeiro álbum, seria algo mais bem amarrado e pensado como obra com começo, meio e fim.

Esse momento chegou com o anúncio do disco Sometimes I Sit and Think, and Sometimes I Just Sit – já um forte concorrente a melhor título do ano – e com o lançamento de seu primeiro single, Pedestrian At Best.

Nele, encontramos uma Courtney Barnett mais roqueira do que nunca, em uma de suas mais potentes faixas até o momento. Com seu jeito quase falado de cantar e os riffs de guitarra e a bateria constantes que acompanham a faixa, ela tem uma característica crescente que vai aumentando nossa empolgação exponencialmente a cada segundo, terminando com aquela sensação que toma o corpo e a cabeça e que só o Rock ainda consegue causar.

Os “problemas” existenciais de Courtney continuam ali presentes e mais irônicos e confusos do que nunca, nos passando aquela sensação incrível de alguém que conseguiu traduzir numa obra de arte algo que sempre sentimos e quisemos dizer. Já no primeiro mês do ano, as mulheres tomam a dianteira completamente na corrida do Rock ao juntarmos apenas os trabalhos de Courtney e de Sleater Kinney, dando sinais de que este será um bom ano para o estilo.

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Autor:

Nerd de música e fundador do Monkeybuzz.