21 Savage tem seguido um modelo padrão de ascensão dentro do Hip Hop americano. Com algumas demos tímidas em seu perfil no SoundCloud, o rapper e produtor norte-americano construiu uma sólida escada de parcerias em registros de outros compositores que, por sua vez, ajudaram-no a compor seus primeiros EPs. Um exemplo claro disso, e talvez a razão de sua popularidade, é Savage Mode, uma parceria com Metro Boomin que integra o single X, sua primeira canção a atingir a marca de 500 mil cópias vendidas. Assim, um ano após seu grande sucesso, 21 Savage finalmente nos mostra o que vem preparando há quase dois anos: seu disco de estreia, ISSA Album. Mas, ao invés de aproveitar esta oportunidade para nos mostrar o diferencial de sua sonoridade em meio a um cenário tão diverso quanto o Hip Hop, o rapper acaba evidenciando que as diversas parcerias que o ajudaram outrora foram, na verdade, fontes para uma cópia descaradamente preguiçosa.
ISSA Album revela o pior do Hip Hop atual: a hiper reprodução daquilo que faz sucesso. Em quatorze faixas, os produtores deste trabalho usam exaustivamente uma célula rítmica usada nas batidas de Future e Young Thug. Embora as faixas instrumentais possam dar uma sensação de que as músicas são diferentes entre si, é apenas uma técnica mal utilizada para disfarçar uma preguiça criativa extensa. É difícil entender se essa batida é algo que 21 Savage quer referenciar muito por ser uma influência grande em sua obra, ou se sua contribuição para o Hip Hop de hoje se resume a copiar modelos já existentes.
Ficamos inclinados a acreditar que o registro se encaixa na segunda categoria, uma vez que quase todas as faixas possuem os mesmos timbres de baixo e mesmas peças de bateria. Além disso, há constantes intervenções de “bordões” de outros rappers em sua música, como o famoso “Metro Boomin want some more, nigga”, que chegam a ser bastante irritantes, como se o rapper se aproveitasse do sucesso alheio e o adaptasse como uma onomatopeia em suas faixas. Mesmo nos singles que mais bombaram deste disco, como Bank Account, o flow das rimas de 21 Savage são bastante monótonos, fato que apenas comprova o quanto o rapper chupou de todas as referências que pode para produzir ISSA Album.
Dessa forma, temos um registro bastante questionável em nossas mãos, uma vez que ele só confirma o quão vulnerável o Hip Hop é dentro da indústria musical. Com batidas extremamente repetitivas, pouquíssima inventividade, temas escassos e referências copiadas exaustivamente, 21 Savage faz uma estreia pouco repercussiva e que provavelmente agradará aos fãs do cenário que Future e Migos fundaram: de batidas repetitivas e letras razas. Um passo para trás dentro do gênero.
(ISSA Album em uma faixa: Bank Account)