A voz de Alexis Taylor parece já ter alcançado o lugar no “hall da fama Indie”. Dono de timbres icônicos e misturados a samples eletrônicos, no agora nome-mais-importante da cena dançante, Hot Chip, o vocalista parece trazer sempre muitas características Pop em tudo o que faz. Na vida é importante termos projetos paralelos para que se escape do comodismo e do pensamento viciado, e é com isso que surgiu há um tempo o About Group.
Fugindo bastante dos aspectos sintéticos da música, os músicos envolvidos, como John Coxon do Spiritualized e Charles Hayward do This Heat, estão preocupados em um maior experimentalismo que quando coincidentes com a voz de Tayor, acabam transformando todo esse projeto em uma espécie de R&B swingado e cheio de frescor. A Jam Session começa com as duas faixas iniciais que parecem simples brincadeiras e testes dos membros com seus instrumentos. O ponto de equilíbrio começa com All Is Not Lost, faixa sexy e bem sincronizada, um convite a chamar alguém pra uma pista de dança de um “baile” para um encontro mais íntimo.
O clima sensual permeia outros momentos como a excelente Words. Sua curta duração é uma decepção enquanto as frases de Taylor (“love is losing game which we always play”) parecem desconexa com o ritmo da faixa. No entanto, distorções e barulhos ao fundo dão condições de nos lembrar que o amor é realmente dissonante.
O experimentalismo e o fato de Between the Walls ser um disco de fuga de seus músicos com a cena atual tem os seus bons e maus momentos. Ao tentar se tornar diferente das bases pré-estabelecidas e tentar proporcionar um voo mais livre dos instrumentos, o grupo muita vezes tem que errar para chegar a fazer sentido – como Love Because, que dá a sensação de estar inacabada e ser somente um exercício, enquanto Graph Paper não parece fazer sentido nenhum. Mas talvez este seja o charme do grupo, tentar na imperfeição encontrar algum sentido para este som que no final das contas é cheio de espirito e sentimento. Make The World Laugh surge como uma das músicas mais bonitas e sinceras que podemos escutar no ano e I Never Lock That Door pede um remix feito para as pistas, dada a beleza dos vocais e seu clima esperançoso.
A diversão também aqui é tentar não levar muito a sério o som no final das contas e, como um exercício de experimentalismo que se tornou disponível para ao público, os músicos não tentam produzir as faixas com intuito de alcançar o topo das paradas. As músicas, no entanto, são sentidas, tocadas pelo seus membros e para quem já teve alguma banda que fazia Jam Sessions, como este que vos escreve, tais brincadeiras fazem muito sentido no final das contas. Pelo menos naquele momento, e como o amor parece ser uma questão pertinente em todos os projetos de Alexis, talvez a melhor analogia seja que tanto a música quanto o amor são exercícios para que as coisas façam sentido naquele momento. Depois de algum tempo, a tentativa pode ter sido infrutífera ou não, como a faixa pouco produzida escutada um tempo depois ou o relacionamento que foi bom enquanto durou. No entanto, arriscar-se sempre vale a pena, e é isso que Between the Walls tenta passar entre seus erros e acertos.