Resenhas

Adult Jazz – Gist It

Inventivo e original, disco marca estreia da banda inglesa

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Ano: 2014
Selo: Spare Thought
# Faixas: 9
Estilos: Experimental, Folk, Dream Pop, Jazz
Duração: 51:19
Nota: 4.5
SoundCloud: /tracks/151574468

Ao ouvir Gist It, disco de estreia do quarteto inglês Adult Jazz, logo me vem a cabeça comparações com An Awesome Wave, também obra de estreia dos também ingleses Alt-J. Não pelo fato de serem dois artistas britânicos ou destes serem seus primeiros álbuns, mas pela tamanha qualidade atingida tão prematuramente e por terem uma sonoridade que muitos vão considerar “inclassificável”. O fato de levarem sua música a lugares nada comuns também é um ponto em comum entre as duas bandas, e talvez o mais importante.

Se Alt-J foi um dos primeiros pontos de comparação, bandas como Wild Beasts, Dirty Projectors e Maps & Atlases podem entrar nessa lista também. Estilos como Prog-Jazz, Folk e Dream Pop engrossam o caldo estilistico se você gosta de usá-los. Independente de tudo isso, o que mais importa é que o som talhado pelo quarteto (que produziu, compôs, mixou e lançou seu álbum de forma independente) é algo que impressiona e prende a atenção do ouvinte desde os primeiros segundos de Hum, com sua ambientação silenciosa que pode lembrar em alguns momentos o segundo álbum de Bon Iver. Em seus sete minutos de duração, ela se expande para outros terrenos e brinca com sonoridades diferentes, trazendo um misto aventureiro e encantador ao ouvinte.

Com as oito próximas faixas o mesmo acontece, convidando o ouvinte a experimentar sensações diferentes e se surpreender pelos próximos 40 minutos. O misto minimalista da banda se mostra altamente complexo, mas, ao mesmo tempo, simples aos ouvidos – e essa é uma dualidade realmente difícil de ser alcançada. Músicas como Springful (com sua harmonia cíclica, uma bateria espersa e constantes mudanças de clima, além dos pequenos elementos eletrônicos, talvez essa seja a música que melhor represente o álbum), Spook (mostra todo o potencial do vocal elástico de Harry Burgess), Pigeon Skulls (soa como encontro de American Football com Local Natives) e Idiot Mantra (conduzida pela percussão, ela se cresce com os elementos somados durante sue decorrer, voz, cítara, palmas) mostram um pouco disso.

Apesar de ter “Jazz” em seu nome, posso dizer que há pouco do estilo no som quarteto. Há sim muito experimentalismo e inventividade, mas pouco do improviso do gênero. Com estruturas muito bem definidas, esse seria possivelmente o Jazz mais engessado que muitos fãs do estilo ouviriam em suas vidas. Mas vale a pena dizer que, mesmo não tendo esses atributos, o quarteto apresenta tantos outros que a “falta” do improviso nem chega a fazer falta. Ao fim da audição, Gist It até pode ser um dos álbuns mais “estranhos” que ouviu neste ano, mas é também um dos mais inventivos e “fora da caixa” que experimentou – talvez um dos melhores que vai ouvir em 2014.

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BOM PARA QUEM OUVE: Alt-J, Dirty Projectors, Wild Beasts
ARTISTA: Adult Jazz

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts