Resenhas

Amber Mark – Three Dimensions Deep

Composições inspiradoras, baladas sensuais, apelo pop e uma estreia que coloca a artista na linha de frente do atual neo soul

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Ano: 2022
Selo: EMI/Universal
# Faixas: 17
Estilos: Soul, Neo Soul, Indie R&B, Pop
Duração: 60’
Produção: AFTERHRS, Amber Mark, Duck Blackwell, Jeff “Gitty” Gitelman, John Ryan, Julian Bunetta, Matt Zara, Pase Rock, Paul Mond, Ross Schwartzman, Space People, Two Fresh e Two Fresh Beats

A promessa que se cumpriu para Amber Mark não foi a que esperávamos, foi uma ainda melhor. Se seu lançamento anterior – o EP Conexão (2018) – apontava a um status de “Sade da nova geração” que a norte-americana fazia por merecer, Three Dimensions Deep apresenta a artista como uma espécie de “neo-diva do século 21”.

Isso porque o álbum traz tudo o que a indústria fonográfica parece desejar nos anos recentes, de canções de refrão grudento (como “FOMO”) e baladas sensuais (“On & On”) até faixas inspiradoras (“Worth It”). Há ainda um alinhamento mais do que adequado às tendências estéticas que o mercado abraçou, como os ritmos caribenhos (“Softly”) e até aquela intersecção do pop com o lo-fi hip hop (“Healing Hurts”). Ou seja, uma obra como todo disco deveria ser – no momento – para se dar bem . Mas isso, como disse, há algum tempo, então paira no ar um grande “e daí?” frente essas questões. E o álbum faz questão de responder.

Three Dimensions Deep, já na superfície, revela sua intenção de não ser “mais do mesmo”, ainda que a descrição de várias faixas possa ser simplificada (vide o parágrafo anterior). Há em cada faixa vários traços daquela Amber que conhecemos tanto em Conexão quanto em 3:33am (2017) – uma musicista que morou em diversos cantos do globo e carrega em si tanto o movimento, ou “trânsito”, de ideias quanto a naturalidade de não ser igual aos outros.

Ela canta sobre inseguranças, trazendo sua vulnerabilidade para o primeiro plano ao som de seu poderoso contralto, que faz questão de soprar uma carga muito humanizada em cada acorde. Diferente de divas plastificadas de outrora, muitas vezes tão artificiais, é seu lado mais humano que a conecta aos ouvintes, em sintonia com aquilo que novas gerações esperam de seus ídolos.

Em uma estreia com cara de veterana, Amber Mark faz por merecer ocupar o mesmo espaço de nomes como H.E.R., Lianne La Havas ou mesmo Alicia Keys – mulheres que nunca se constrangem na hora de cantar sobre suas fragilidades, e o fazem com enorme maestria. A audição de Three Dimensions Deep, um álbum relativamente longo para seu tempo, revela o quanto a cantora está preparada para conquistar multidões (em faixas como “Cosmic”), enquanto permanece favorita no meio alternativo. É o melhor de dois mundos, é o que empolga em 2022.

(Three Dimensions Deep em uma faixa: “Foreign Things”)

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ARTISTA: Amber Mark

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.