Resenhas

And So I Watch You From Afar – Heirs

Disco herda de seus antecessores a fórmula que mistura Math Rock e Post-Rock

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Ano: 2015
Selo: Sargent House
# Faixas: 10
Estilos: Math Rock, Post-Rock
Duração: 43'
Nota: 2.5

A tradução literal da palavra inglesa “heir” é algo como “herdeiro” ou “sucessor” no nosso bom português. Apesar da tradução gerar leituras até que bem diferentes, quando aplicadas ao contexto de Heirs, seu significado fica bem claro. Não há como não dizer que a quarta obra de And So I Watch You From Afar não é uma herdeira direto de All Hail Bright Futures ou mesmo de seus outros álbuns, um sucessor direto do que trouxe o grupo irlandês até aqui.

Ao mesmo tempo em que há o sentido de progressão nesse álbum, existe também o sentimento de uma continuidade demasiadamente copiosa. Mais uma vez, o encontro inflamável entre Math Rock e Post-Rock ocorre, porém a fagulha ignitora que foi capaz de acender All Hail Bright Futures não consegue produzir o mesmo efeito aqui. Digo isso não só pela falta de euforia vista em seu antecessor, mas pela falta de momentum na obra, pela estagnação em suas próprias fórmulas e, em último caso, por gerar uma audição em boa parte apática.

O desafio de passar emoções sem uso de letras é algo dificílimo, mas possível (até mesmo obras as antigas do grupo provam isso), porém não é isso que acontece em Heirs. Mesmo tentando progredir para algo épico (como em Animal Ghosts), o disco se perde em meio a faixas previsíveis e com aquele sabor “mais do mesmo”, seja você fã de longa data do quarteto ou um recém-chegado ao Math Rock. These Secret Kings I Know é um exemplo disso. Ela poderia facilmente ter saído qualquer disco que outras bandas do estilo fizeram nos últimos anos – e olha que estamos falando de um gênero que passa longe do pleno sucesso comercial e de estar saturado por conta disso.

Um grande “porém” deve ser apontado também. Por mais que o grupo tenha feito um disco “sem emoção”, os quesitos técnicos, assim como a habilidades desses músicos virtuosos continuam impecáveis. Infelizmente, técnica por si só não é o suficiente para criar um bom disco e dessa vez, o grupo parece ter levado a prerrogativa matemática de um dos estilos que se apoia longe demais e criado uma obra pragmática demais, ao ponto da eficiência metodológica desabilitar a qualidade do grupo em trazer à tona sentimentos.

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts