Resenhas

…And You Will Know Us by the Trail of Dead – IX

Nono disco mostra-se mais melodioso, mas com características fortes da história da banda

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Ano: 2014
Selo: Superball Music
# Faixas: 11
Estilos: Post-Hardcore, Progressivo, Experimental
Duração: 47:28
Nota: 3.0
Produção: Frenchie Smith
Itunes: https://itunes.apple.com/us/album/ix/id930050614?uo=4

A maneira como …And You Will Know Us By The Trail Of Dead resolveu anunciar o lançamento de seu novo disco já nos dizia muito sobre sua sonoridade. Revelando a arte por meio de um quebra cabeça, IX finca na história, como o próprio número sugere, a incrível marca de nove discos de uma banda de relevância comprovada por grandes discos do passado, entre eles o excelente Source, Tags & Codes, de 2002 e o igualmente bom, Lost Songs, de 2013.

Com vinte anos nas costas, é natural que o grupo já tenha passado por diversos desafios de se ter uma banda, no que diz respeito principalmente à evolução de sonoridades e experimentações. Sendo assim, o novo disco mostra várias peças da história da banda se juntando para formar IX. Mas qual seria a imagem final mostrada?

A partir do momento que a banda liberou algumas faixas antes de soltar o registro por completo, já podiámos notar uma certa pluralidade de abordagens. A Million Random Digits nos mostrou que o conjunto manifestava uma nostalgia de voltar às sonoridades mais pesadas de seus primeiros discos (fato comprovado quando eles fizeram uma pequena turnê tocando apenas músicas do disco Source, Tags & Codes). Mas, quando Ghost Within foi lançada, outra direção parecia ter sido tomado, investindo em versos melosos e um arranjo mais parecido com baladas.

Enquanto para uns isto poderia parecer uma falta de foco da banda em criar uma identidade musical firme, o que o lançamento do disco por completo nos mostrou é que o disco serve como um lembrete de suas sonoridades passadas, como se fosse uma revisão ou um Greatest Hits, mas com um elemento melódico que parece ser uma espécie de curador do registro. Perde-se a banda famosa por seus gritos, de discos como The Century Of Self, mas vemos um conjunto mais preocupado com a transmissão integral de um disco que não falta de conceitos e letras interessantes.

Embora a melodia seja o elemento mais marcante e presente em IX, a experimentação também tem seu espaço, como todo bom disco de …And You Will Know Us By Trail Of Dead. How To Avoid Huge Ship entoa uma edificante composição instrumental que chama a atenção por mostrar as mesmas frases de guitarra, mas que em nenhum momento chegam a nos entediar. Lost In The Grand Scheme lembra referências como Interpol e um pouco de harmonias à la Yuck. Um disco cheio de misturas mas que sempre prefere o suave ao gritante.

Após montado o quebra-cabeça, IX nos revela ser a mesma banda de sempre porém com cores diferentes. Ainda temos a agressividade de discos passados, porém ela não é tão violenta, abrangendo mais uma perspectiva desorientante e nauseante (o que não é um ponto negativo). Não tem nada para ser o melhor ou pior disco da banda, mas de fato vale a pena ouvir

IX é o filho do meio de uma grande linhagem de irmãos. Cabe a nós não deixar que ele seja ignorado frente a outros discos mais relevantes.

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Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique