Resenhas

Andrew Bird – Break it Yourself

Músico mostra que ainda consegue agradar tanto os ouvidos mais atentos, quanto quem colocar o álbum para tocar e não notar cada um de seus detalhes. Mas, sinceramente, quanto mais você mergulhar nessa obra, melhor será para você

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Ano: 2012
Selo: Bella Union, Mom+Pop
# Faixas: 14
Estilos: Folk, Folk Rock, Pop Folk
Duração: 1h
Nota: 4.0

Compreender e apreciar Break It Yoursef em sua totalidade não é uma tarefa das mais fáceis, assim como qualquer outro trabalho de Andrew Bird. A boa notícia é que se você quiser apenas curtir uma boa música Folk só por cima, vai conseguir aproveitar o disco sem problemas, com todas as agradáveis melodias arranjadas para o violino do músico e a banda que o acompanha.

Bird foi educado no método Suzuki (que ensina música às crianças desde muito pequenas, que aprendem a linguagem musical antes de saber ler e escrever em sua língua mãe), o que faz com que ele tenha uma fluência para tocar e compor que nem sempre vemos em artistas de música popular. Isso confere camadas e mais camadas de significados em cada detalhe de sua obra, ainda que – repito – seja possível aproveitá-la mesmo na mais simples das audições.

O single Eyeoneye divulga o disco sem revelar muito da atmosfera do disco, com uma vibe mais puxada para o Indie Rock, enquanto as outras faixas são mais tranquilas e puxadas para o Folk. Por outro lado, os versos melancólicos se encaixam bem no todo, como na estrofe que dá nome ao álbum (“Ninguém pode quebrar seu coração, então você mesmo o quebra”).

As letras discorrem sobre sentimentos sinceros, algo muito próprio desse gênero, acerca de relações interpessoais e do indivíduo consigo mesmo e sua mortalidade. O instrumental não apenas acompanha os versos, mas ajudam a lírica a se tornar mais sensorial – e é aí que uma imersão maior permite desfrutar a música em um nível completo.

Danse Caribe, Give it Away e Lusitania são algumas das faixas que agradam facilmente – essa última, um dueto com St. Vincent bem construído para a parceria, com momentos bem definidos para cada vocal. Bird tem uma forma interessante de tratar o fator temporal dentro de uma música, separando-a em momentos específicos para cada uma de suas variações, seja drasticamente, como na abertura com Desperation Breeds…, ou sutilmente – caso da belíssima Hole in the Ocean Floor.

No geral, o músico entrega um trabalho sólido que sabe agradar tanto os fãs mais eruditos, quanto os admiradores da boa música folk com um contato menos ativo com essa arte. Um álbum que vale a pena ser ouvido em sua totalidade, observando cada sensação que ele nos produz e no desafio de desvendar a maneira com que Andrew Bird vê o mundo e o registra em música.

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BOM PARA QUEM OUVE: Feist, Lambchop, Leonard Cohen
ARTISTA: Andrew Bird
MARCADORES: Folk, Folk Rock, Pop Folk

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.