Anna Wise é a voz feminina presente em todos os últimos trabalhos de Kendrick Lamar e agora protagonista de seu primeiro EP solo, The Feminine: Act 1. É fácil ouvir a voz potente da cantora e entender o que chamou atenção do rapper, mas, conhecendo-o, é provável que as ideias e opiniões de Wise tenham contado tanto quanto para que esta parceria acontecesse.
O EP conta com quatro faixas completas e três interlúdios, todas com um foco muito claro de pontuar questões importantes sobre ser mulher. O objetivo de Wise não parece ser trazer novas discussões à mesa, mas sim apresentar maneiras criativas de ilustrar musicalmente questões muito presentes como a igualdade salarial entre ambos os gêneros e o slut-shaming.
Apesar dessa coesão entre a temática das faixas, musicalmente, Anna Wise ainda parece tentar encontrar seu próprio estilo. Há sim uma linearidade, no caso, ao trazer um pouco de tudo que foi mostrado recentemente por jovens cantoras que surgiram na Internet com suas vozes em produções eletrônicas que despontaram no Soundcloud nos últimos anos. Um pouco de Banks, Elliphant e uma semelhança impressionante com Lorde, em Decrease My Waist, Increase my Wage, faz com que o álbum soe contemporâneo, mas não o destaca de outros lançamentos recentes.
Anna Wise possui dois grandes trunfos a serem mais explorados em seu próximo trabalho. Sua belíssima voz – que tem seu melhor momento no refrão de Bitch Slut, melhor faixa do EP – e sua inteligência para composições nada indiferentes com assuntos importantes, que trazem um peso bem importante às suas músicas. The Feminine: Act 1 ainda parece um lançamento com o intuito – bem aproveitado – de surfar a onda de sua exposição nos discos de um dos mais importantes artistas da atualidade, esperemos portanto, pelo próximo ato.
(The Feminine: Act1 em uma faixa: Bitch Slut)
