Resenhas

Antony and the Johnsons – Cut the World

Acompanhado de uma orquestra de câmara em uma apresentação ao vivo, músico mostra que sabe emocionar com leveza

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Ano: 2012
Selo: Rough Trade Recors
# Faixas: 12
Estilos: Pop Alternativo, Art Pop
Duração: 60:42
Nota: 3.5

Com ajuda da Orquestra Nacional de Câmara da Dinamarca, Antony and the Johnsons entrega uma compilação de músicas lançadas ao longo de seus já catorze anos de carreira. As gravações ao vivo valorizam a interpretação vocal e a beleza que as faixas tem em sua dramaticidade.

As composições de Antony Hegarty, por si só, já são quase neobarrocas em sua qualidade de se flexionar entre a mais íntima confissão e uma expansão sonora e emocional que ecoa facilmente até nos ouvintes menos sensíveis. Aliás, se você não se identifica com os temas cantados aqui – na maioria, mensagens otimistas e para quem sofre abuso emocional e preconceito -, poderá facilmente se relacionar, ainda assim, com a emoção performada. Há muita vida até mesmo nas pausas dentro destas canções.

A orquestração em um formato de câmara – menor escala que uma sinfônica, por exemplo – facilita a riqueza sonora nos arranjos sem descaracterizar os silêncios entre alguns versos e acordes. Às vezes, soa grandioso, enquanto em outros momentos, uma só nota prolongada no piano dá conta do recado (como Another World).

Muitas das onze canções se parecem entre si, por diversas razões – o que pode ser tedioso para alguns, mas que provê uma experiência sólida para quem escolher ouvir o disco – e elas se diferenciam, no geral, apenas nos pequenos detalhes: Swanlights traz uma tonalidade levemente acima das outras, enquanto o belíssimo arranjo de sopro em You Are My Sister dá conta de diferenciá-la de faixas como sua gêmea Rapture, por exemplo. A exceção fica com a percussiva Kiss My Name, que ajuda a dar um novo fôlego à segunda metade do álbum.

Após a abertura com a faixa-título, Future Feminism surpreende o ouvinte com um discurso de Antony falando em primeira pessoa sobre transexualismo, bruxaria e política, em uma argumentação fundada apenas em impressões pessoais que ganha a simpatia do público (presente na apresentação na qual o álbum foi gravado) apenas por sua controvérsia.

Isso ameaça atrapalhar a experiência de Cut the World (se você não está interessado em algum desses temas), mas é a única faixa falada de todo o disco. O otimismo natural das composições é percebido facilmente, então esta coletânea de músicas lentas e dramáticas acaba sendo, ao contrário do que a primeira impressão pode indicar, leve – ainda que rica musicalmente.

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Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.