Resenhas

Anxious – Bambi

Banda americana expande horizontes em segundo disco e adiciona toques de rock alternativo e pop punk em seu hardcore

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Ano: 2025
Selo: Run For Cover Records
# Faixas: 11
Estilos: Hardcore, Pop Punk, Emo
Duração: 40'
Produção: Brett Romnes

Existe um grande fantasma para bandas que fazem sucesso em seus discos de estreia: o que fazer num novo registro que supere – ou ao menos atinja – o impacto do primeiro? Um debut, normalmente, é um “best of” de tudo que o artista compôs até aquele ponto e seguir a partir daí com composições inéditas é um grande desafio, ainda mais pensando numa indústria que demanda turnês cansativas e novos lançamentos o tempo todo. Afinal, não se pode perder a relevância adquirida com o primeiro álbum, não é mesmo? Podemos nos questionar o seguinte: e o tempo para escrever novas canções? O tempo para viver experiências novas que valham a pena ser relatadas? Essa parece ser a encruzilhada que vive o Anxious em Bambi.

Após despontar como um dos grupos mais interessantes dentro do cenário do hardcore com Little Green House (2022), o quinteto de Connecticut está de volta com um álbum que não se prende aos moldes do primeiro, tampouco às amarras que os puristas do gênero reivindicam. Bambi se permite seguir para novos caminhos criativos, flertando com o emo, o rock alternativo e o pop punk. O resultado é um disco que amplia horizontes e, ao mesmo tempo, que mostra uma banda autêntica e fiel às suas raízes. A banda demonstra não ter medo de arriscar, seja ao trazer novos riffs que propositalmente soam mais pop ou ao se mostrar (ainda) mais vulnerável em suas letras.

Faixas como “Never Said” e “Bambi’s Theme” traduzem sentimentos de frustração e desajuste em meio a riffs acelerados e batidas explosivas, enquanto “Counting Sheep” transforma inseguranças e ansiedades em um refrão turbulento e altamente pegajoso. Já “I’ll Be Around”, com guitarras que mais parecem vindas de um disco de shoegaze e um lirismo contemplativo, encerra o disco de forma agridoce, sintetizando a jornada emocional de altos e baixos proposta pelo grupo.

Ainda que soe pesado em alguns momentos, o disco é significativamente menos “áspero” que seu antecessor. A produção escolhe aparar algumas arestas e usar timbres menos abrasivos, o que deixa o Bambi mais acessível. Até mesmo a voz de Grady Allen é convidativa ao nos apresentar medos, angústias e dilemas que permeiam o registro. Talvez o melhor exemplo disso seja a balada acústica “Audrey Go Again”, de arranjo suave e enevoado que baila entre uma bateria amena e o pincelar de pianos e cordas.

Bambi não é a reinvenção completa de uma banda em crise (muito menos a continuidade de uma banda certa demais de si), mas, sim, um segundo passo rumo a alternativas que, de alguma forma, já podiam ser sentidas no debut. Allen e companhia parecem refazer trilhas já pavimentadas por nomes como Blink-182 ou Jimmy Eat World – que, ao suavizarem sua sonoridade e trilharem caminhos mais acessíveis, transcenderam as próprias raízes, trouxeram um novo público sem necessariamente alienar fãs antigos. Anxious, enfim, parece conseguir exorcizar o tal “fantasma” do segundo disco.

(Bambi em uma faixa: “Counting Sheep”)

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ARTISTA: Anxious

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts