Resenhas

Ariel Pink – Loverboy

A nova engenharia de som feita para esta edição do disco nos convida a escutá-lo em outro contexto

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Ano: 2019
Selo: Mexican Summer
# Faixas: 17
Estilos: Indie, Singer-Songwriter, Psicodélico
Duração: 57’
Produção: Ariel Pink

Ariel Pink se tornou um dos grandes nomes da música alternativa nos Estados Unidos quando abandonou o codinome de sua “banda imaginária” Haunted Graffiti e lançou o disco Pom Pom apenas sob seu nome próprio. No entanto, a essa altura de sua história o músico já ostentava uma bela coleção de registros, feitos em Los Angeles quando ainda era um jovem adulto. E é por conta disso que o selo Mexican Summer resolveu financiar a empreitada de remasterizar e lançar sob um novo formato todos os álbuns dessa época

Abarcando o intervalo de tempo no qual o artista ainda se denominava Ariel Pink’s Haunted Graffiti, o projeto vai se chamar Ariel Archives. Este Loverboy, originalmente lançado em 2002, funciona bem como um resumo para um ouvinte que não está familiarizado com a alma do artista, assim como um ótimo ponto para todos os outros discos análogos a este: Underground, The Doldrums, House Arrest, Scared Famous e Worn Copy

De acordo com o selo, “Ariel Archives faz um esforço para contar com o volume notável de música excepcional que Ariel Pink fez durante esse período. Evoluindo rapidamente de experiências rudimentares de proto-punk para uma estética aventureira de gravação em casa que explorou um amplo continuum de música pop, Ariel Pink desenvolveu um som e uma imagem que provariam ser altamente inventivos e extremamente influentes”.

Escutar Loverboy é como adentrar esse universo assombrado, íntimo e rebelde à que o codinome Haunted Graffiti parece fazer menção. As faixas, registradas em um gravador Yamaha de oito canais, estão encobertas pelo ruído de fita e reforçam o aspecto experimental do músico. As letras soam improvisadas, fazendo livres-associações entre traumas pessoais e cenários imaginados. Assim, parecem revelar as verdades mais fundamentais do compositor através da brincadeira, como em um ato falho que faz transparecer as suas neuroses. 

Um ouvinte que se permita observar o artista nesse ambiente de segurança será capaz de encontrar pérolas melódicas que fogem ao óbvio, caso das faixas “Don’t Talk to Strangers”, “She’s My Girl” e “Jonathan’s Halo”. Já conhecíamos Loverboy, seja pela versão original de 2002 ou pelo relançamento de 2006. Contudo, a nova engenharia de som feita para esta edição do disco nos convida a escutá-lo em outro contexto, com ouvidos mais experientes, distanciados e com um interesse renovado.

(Loverboy em uma música: “Loverboy”)

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ARTISTA: Ariel Pink

Autor:

é músico e escreve sobre arte