As cinco faixas do EP Coragem fazem o quarteto Baltazar passear por muitas facetas da música brasileira dos últimos anos, de referências próprias do meio alternativo até sonoridades que remetem a lugares mais comuns.
O que poderia render uma variedade interessante gerou, entretanto, uma pequena coleção de faixas esquecíveis – não que elas sejam necessariamente ruins (sendo a própria Coragem a melhor delas), são apenas diluídas demais em personalidade, o que faz com que o EP seja tão entediante quanto ignorável após a segunda audição, quando não a primeira.
É que enquanto Amarelo, um de seus pontos mais positivos, retoma o que bandas como Dônica têm feito ao dialogar sonoridades do alto escalão da MPB, faixas como Inócua e Impressão parecem esforçar-se demais para agradar, sendo a primeira uma coleção de referências do Indie brasileiro recente e a segunda, aquele clima Pop Rock funkeado que oito em cada dez bandas brasileiras fazem na tentativa de alcançar espaço no mainstream.
Esse esforço aparente, essas escolhas que chegam tão “forçadas” ao ouvinte, fazem até momentos que seriam legaizinhos fora do disco, como o instrumental quero-ser-Novos-Baianos em Ninguém, ficarem antipáticos. Se Baltazar tem potencial de criar uma grande obra – e parece mesmo ter -, isso provavelmente só acontecerá quando suas decisões estéticas vierem não para agradar ou mostrar o potencial de seus músicos, mas em função de sua própria personalidade.
(Coragem em uma música: Inócua)