Resenhas

Bárbara Eugênia – Crashes n’Crushes

Com delicadeza e timbres doces, novo disco mantém caráter orgânico-experimental e constrói repertório cheio de sutilezas

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Ano: 2021
Selo: Independente
# Faixas: 11
Estilos: Indie, Pop
Duração: 29'
Produção: Bárbara Eugênia e Bianca Godói

Crashs n’Crushes é uma obra sobretudo de detalhes. São nove músicas cheias de seus pormenores, encapsuladas por duas vinhetas que representam bem duas outras de suas principais características: um som tão orgânico quanto experimental. Após quatro álbuns solo e outros dois projetos paralelos, parece que Bárbara Eugênia buscou o desafio de um disco não necessariamente de intérprete, não só de compositora, mas principalmente de produtora.

Ela assina a produção ao lado de Bianca Godói e propõe uma ambientação que é bem melhor aproveitada com fones de ouvido. Devidamente equipado, o ouvinte é convidado a entrar no estúdio com elas e testar tratamentos de som e os muitos timbres que compõem a obra, todos bem trabalhados em função das canções.

Há uma certa doçura, uma delicadeza que paira sobre muitas das músicas de Crashes n’Crushes. Elas são curtinhas, surgem envoltas em uma aura romântica e atemporal (como muito da obra de Bárbara) e logo encantam pelas interações entre suas minúcias. Com letras principalmente em uma língua estrangeira (inglês), fica a sensação de um trabalho no qual ela quis, em suas composições, dizer mais pelo som do que pelas palavras.

A exceção de todas as regras é “Estrela da Noite”, que funciona como uma espécie de clímax absoluto do álbum. Versão para música de Jorge Mautner, a faixa se estende por quase sete minutos com uma interpretação marcante da cantora em voz e em guitarra, explorando com grande dramaticidade a potência de ambas.

Em Crashes n’Crushes, se sobressaem a ternura dos timbres e a evidência de esmero na escolha deles. Sendo um álbum “de estúdio”, diferente de tantos outros trabalhos “de banda” que Bárbara Eugênia já lançou, ele entra para sua discografia como um momento criativamente interessante para a artista, que soube fazer músicas tão doces e cheias de sutilezas como seu vocal.

(Crashes n’Crushes em uma faixa: “Do It Anwyay”)

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Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.