Resenhas

Bárbara Eugênia – É O Que Temos

A carioca nômade renova linearidade musical e mostra que o amor bom é o que te faz sentí-lo por inteiro

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Ano: 2013
Selo: Oi Música
# Faixas: 11
Estilos: MPB, Psicodelia, Soft Rock
Duração: 39:57
Nota: 4.0
Produção: Edgar Scandurra/Clayton Martins
Itunes: http://clk.tradedoubler.com/click?p=214843&a=2184158&url=https%3A%2F%2Fitunes.apple.com%2Fbr%2Falbum%2Fe-o-que-temos%2Fid62

Três anos depois do pontapé melancólico iniciado com o disco Journal de BAD, lançado oficialmente em 2010 e envolto numa carga sentimental enraizada em reflexões dolorosas, o retorno de Bárbara Eugênia com É O Que Temos opta por um viés positivo, ainda que agregado a um título de interpretação dúbia. No entanto, a cantora original de Niterói e de histórico nômade vem munida de um belo sorriso de canto gratuito, e agora mostra saber porque nem todos os dias são de sol. E tudo bem se tudo seguir assim.

Trazendo produção de Edgard Scandurra e Clayton Martins (da Cidadão Instigado), Bárbara promove suas baladas românticas através de letras que variam entre a paixão plena, a falta da mesma e até o meio termo entre os extremos. A cantora vem flexível e traduz como os cotidianos amorosos funcionam também longe das escritas poéticas de uma composição, uma rotina musicada que não pede licença pra ser como é: Cambaleando de forma frequente entre o drama existencial e o realismo intríseco.

Eugênia traz em sua nova fase, referências locais que são facilmente assimiláveis, como o último lançamento de Céu, Caravana Sereia Bloom, e também transpõe-se a vertentes setentistas, que facilmente são notadas em diferentes momentos de seu segundo registro. A própria estica-se até a sensualidade velada que ressoa do projeto paralelo Les Provocateurs junto a Scandurra, entoando traços da sedução lírica de Serge Gainsborug em sua própria interpretação abrasileirada mesmo que trazida em versos franceses.

Se em Coração não há mais solidão, na versão adaptada de Porque brigamos (I Am…I Said) meio Jovem Guarda de Rossini Pinto e Diana, meio Neil Diamond de 72, os teclados e o arranjo plenamente embebido da música brega ressoam a carência em um hino bailado e simples dançado a dois. As confissões expostas de Roupa Suja com a participação de Pélico trazem saudades do disco Que Isso Fique Entre Nós, um material que transita na mesma rodovia da carioca. Mesmo poliglota entre o Folk semi-acústico inglês (I Wonder) e a psicodelia sofrida em francês (Jusqu´à la mort), a cantora mostra instinto safo e segue coesa ao seu ideal de que no final tudo acaba bem. Ou pelo menos deveria.

Já aquietada em São Paulo, a musicista resume em suas onze composições pinceladas de pontos altos e baixos da vida de uma incorrigível romântica, que divide seus ávidos pensamentos irracionais com o bate-ponto e cumpre-aviso da vida adulta de uma maneira sublime e nada caricata. Tais medidas dão a devida vazão buscada, provando que agora é o momento exato para a ascenção da cantora em sua carreira.

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BOM PARA QUEM OUVE: Ana Cañas, Céu, Pélico
MARCADORES: MPB, Ouça, Psicodelia, Soft Rock

Autor:

Jornalista por formação, fotógrafo sazonal e aventureiro no design gráfico.