Resenhas

Bastille – Bad Blood

A essência Pop se mistura a instrumentos místicos e obtém bons resultados, mesmo buscando respaldo na grandiosidade

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Ano: 2013
Selo: EMI/Virgin
# Faixas: 13
Estilos: Indie Pop, Eletrônica, Avant Pop
Duração: 43:58
Nota: 3.0

Desde 2011 que Dan Smith e os demais da *Bastille já se mostram ativos como banda que procura por um crescimento interno, já emplacando em suas composições elementos que fogem do que vem como plenamente massivo aos ouvidos através das repetitivas escalações das rádios. Um dos momentos brilhantes e iniciais da banda – e que provavelmente a projetou inicialmente a público – foi seu díspar cover de Rythm Of The Night: Conhecido oficialmente como o hit dance de Corona, a canção ganhou arranjo ecoante e ampliou percussões secas e incessantes xilofones, tudo isso aliado a vocais masculinos carregados no inglês que deram uma personalidade a mais na reinterpretação.

As suas primeiras criações, que acabaram por estrear oficialmente neste ano através do primeiro disco Bad Blood, já vem sido divulgada nos últimos dois anos, como aconteceu com Laura Palmer, Flaws e Overjoyed, que vem carregadas em linhas que remetem a baladas mais românticas, mesmo que dançantes. A busca inquieta por uma boa impressão logo de cara acaba sendo em vão, já que o arranjo delas não se distanciam da associação de estruturas já pré-concebidas no Pop, o que também não as faz desagradáveis aos ouvidos pela plena sintonia e concepção redonda.

As mais recentes revelações da trupe de Smith, como os singles Pompeii, Things We Lost The Fire, a faixa-título e Weight of Living Pt.II, foram devidamente posicionadas no início do álbum, no intuito de trazer de volta o frescor e criatividade emplacados no já citado cover acima: Coros em estéticas cléricas, relances instrumentais que soam como harpas e violinos se unem a uma bateria em rítmica marcial que vem a favor. Uma proposta grandiosa que funciona e cria um ideal típico de misticismo, contrapondo e concedendo um novo olhar a essência e letras plenamente popularescas, num viés que remete a Florence + The Machine, mas menos soturno e mais próximo a música eletrônica.

Nem sempre optar por trabalhos mais imponentes e cheios de pompa funciona tão facilmente como acontece aqui. Dan balanceia seus vocais quase roucos a momentos de grande diversão sem deixar de mostrar tendências a estéticas mais estudadas como no Avant Pop, que promove a mesclagem de uma música plenamente democrática a instrumentos que geralmente são ligados a movimentos de vanguarda e uma imagem mais relacionada a nobreza e classe. Em suma, mais uma vez o gênero radiofônico se reinventa e mostra ser possível seu desdobramento em dosagens adequadas.

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BOM PARA QUEM OUVE: Ra Ra Riot, fun., CHVRCHES
ARTISTA: Bastille

Autor:

Jornalista por formação, fotógrafo sazonal e aventureiro no design gráfico.