Resenhas

Belle & Sebastian – How To Solve Our Human Problems Part 3

Terceiro EP comprova excelente forma do grupo escocês

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Ano: 2018
Selo: Matador
# Faixas: 5
Estilos: Rock Alternativo, Chamber Pop
Duração: 21:40
Nota: 3.5
Produção: Stuart Murdoch, Leo Abrahams

Eita, mas que viagem feliz. Este é o pensamento que toma conta do crítico musical ao escutar esta terceira – e última – parte do lançamento de Belle & Sebastian, How To Solve Our Human Problems Part 3, que chega agora sob a forma de EP com cinco faixas. Eu e Roger Valença ouvimos os outros dois e os resenhamos previamente, concluindo a mesma coisa: o grupo escocês retorna a referências de 20 anos atrás com graça, simpatia e uma notável evolução artística. Sim, isso mesmo. Se o início da carreira de Stuart Murdoch e seus amigos foi quase amador, levíssimo e livre de pressão, hoje – na verdade, há tempos – Belle & Sebastian é uma banda totalmente amadurecida e, bem, adulta.

Havia uma certa vontade de não crescer permeando os trabalhos iniciais do grupo. Não significava imaturidade, mas uma atitude conscientemente ingênua diante do mundo e dos fatos da vida, uma espécie de resistência à frieza, rapidez e insensibilidade do mundo neoliberal. Algo deliberado e corajoso, creio. De alguma forma bem engenhosa, tal espírito perpassou para as músicas e discos ao longo da carreira do grupo, especialmente até algum momento entre Dear Catastrophe Waitress (2003) e The Life Persuit (2006), quando tudo pareceu ficar mais conciso, bem gravado e consolidado. Ainda assim, tudo que a banda produz ainda guarda um certo núcleo de amor total, alguma coisa meio Carpenters, sabe?

No caso destes três EPs, Belle & Sebastian afirma duas coisas: a evolução de seus músicos, cantores, produtores e a maestria de Steve Murdoch como compositor. O cara sempre foi um grande nome esquecido do moderno Rock britânico da virada do milênio, mas é preciso fazer justiça a ele e comprovar que não se escreve canções como Poor Boy, Everything Is Now (Part 2), Too Many Tears e Best Friend impunemente. Elas correspondem a 4/5 do EP, mostrando que sua cotação deveria ser correspondente a varias bananinhas musicais, caso fosse possível.

Todas elas têm ganchos melódicos perfeitos, belas sacadas nos arranjos, cordas, metais, vocais e uma aura de felicidade agridoce que as credenciaria para presença em trilhas sonoras de filmes como Simplesmente Amor ou algo no gênero. Na capa do EP, assim como nas dos anteriores, fãs fotografados por Murdoch, mostrando que a banda e seus admiradores se entendem e formam uma espécie de família feliz.

Sem exagero, um dos melhores trabalhos de toda a carreira do grupo. Ouça sem susto e apresente para seus amigos queridos.

(How To Solve Our Human Problems Part 3 em uma música: Poor Boy)

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Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.