A simplicidade do título EP traduz as intenções da Bells Atlas pra este lançamento, mas não revela nem um pouco da riqueza sonora que o grupo promove dentro do que é definido por ele mesmo como “Afro-Indie-Soul”, sendo que o fator “alma” desse último termo seja o que consegue se destacar mais nas três músicas originais do disco.
Elas vem em uma sequência hipnótica ao misturar Samba, Hip Hop, R&B e mais um monte de nomes desses que você vai conseguir identificar ali no meio. Mas tudo soa muito orgânico, nada forçado, e esse é um dos grandes méritos da banda.
Ele começa com Video Star, música que já vinha sendo mostrada há um tempo, com uma percussão forte e discreta ao mesmo tempo como base ao vocal sussurrado, até aumentar gradativamente até as várias camadas tomarem o ouvinte por inteiro com uma guitarra Indie deliciosa depois do refrão e versos fáceis de cantar junto.
Ela dá vez a Incessant Noise e sua introdução que parece um mantra que dá lugar às batidas sambistas melhor incorporadas à música do que muitos músicos brasileiros conseguem fazer. Ela acalma e empolga ao mesmo tempo, um transe percussivo embalado pelo bonito vocal.
Loving You Down segue o mesmo alto nível de qualidade das anteriores, com diversas camadas alternadas de diferentes timbres em uma harmonia deliciosa. Se o EP acabasse aí, já seria incrível.
Porém, ela emenda em seu remix, que vem como uma faixa-bônus junto ao também remix de Video Star. O primeiro é instrumental e prolonga a batida da música e alguns de seus acordes por mais de quatro minutos. Não impressiona, mas não é ruim. O outro traz uma versão mais pesada da música, com as batidas definidas e o vocal em um primeiro-plano mais definido.
Essas duas faixas não acrescentam tanto ao todo, mas não atrapalham também. Ao término da audição (e os replays iminentes), fica a certeza de um trabalho muito apurado, versátil e, acima de tudo, de muito bom gosto feito pela Bells Atlas.