Resenhas

Benjamin Clementine – At Least For Now

Músico apresenta obra sólida e sensível em excelente estreia

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Ano: 2014
Selo: Behind, Barclay
# Faixas: 11
Estilos: Neo Soul, Indie R&B, Jazz, World Music
Duração: 50:54
Nota: 4.5

A solidez vocal de Benjamin Clementine é um reflexo de sua obra. Não é comum, em uma estreia, nos deparamos com tamanho talento, sensibilidade, técnica e inventividade somadas. Ainda mais se todos esses fatores estiverem juntos de um modo em que não se sobressaia um exagero novato, que, na tentativa de chamar a atenção do público, elimina acidentalmente qualquer sofisticação. At Least For Now, a estreia do jovem músico inglês, contém todos esses fatores, sem cair na armadilha de extrapolar qualquer um deles.

Sua voz, classificada como “tenor spinto”, é grave e aveludada, e incorpora uma robustez coesa à sua música. Dado apenas esse fator, executado de uma maneira inteligente (sem exageros meramente técnicos) já teríamos um belo álbum em mãos. Mas Clementine soma uma sensibilidade confessional (a maioria das letras está em primeira pessoa e fala sobre o próprio músico), à harmonias cativantes, além de uma ousadia corajosa que parece vir naturalmente de sua personalidade: letras e arranjos que fogem ao óbvio e que contém um teor muita vezes cômico dão uma aura muito pessoal a algumas faixas, como St Clementine On Tea and Croissants.

Não é difícil de associar o trabalho de Clementine ao da artista americana Nina Simone, dado o timbre de sua voz e seu modo de tocar piano, além, é claro, da energia que emana das músicas de ambos os artistas. Ainda no campo das comparações, poderíamos encontrar algum tangente na qual o trabalho de Antony Hegarty (Antony and the Johnsons) é somado aos experimentos vanguadistas de Erik Satie. Sendo influências assumidas ou não, tanto a paixão envolvente da voz no primeiro quanto o minimalismo envolvente do piano no segundo são fáceis de notar nestes trabalhos.

Apressadamente, podemos colocar Benjamin Clementine e seu At Least For Now como uma das promessas mais fortes para melhores álbuns do ano. Cito as palavras do próprio músico em Winston Churchill’s Boy, a faixa de abertura: “one day this boy might be the man”.

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Autor:

é músico e escreve sobre arte