Se faz tempo que você não fala “Caramba, quem é esse cara?” ouvindo um disco, chegou a hora de sentir isso com Benjamin Clementine. Seja pelo piano tão cheio de personalidade, pelo vozerão impressionante ou pelo alto grau de confissão nas letras, é muito difícil não ser impactado pelo trabalho do jovem inglês.
Mais ainda em Glorious You, um trabalho conversado, com cara de “ao vivo”, em que seu grau de intimidade é tão forte a ponto de você se sentir na mesma sala em que o artista e seus músicos de apoio tocam. A poltrona na primeira fila é sua. Os holofotes, entretanto, estão todos sobre ele.
Quando o single Condolence começa, fazendo as vezes também de abertura do breve disco, você já nota o valor do que está ouvindo, com o piano tenso e as batidas tão contemporâneas em uma ambientação tão dramática quanto desafiadora. É meio “Pós-Gospel”, mas as únicas vozes são as dos outros instrumentos e o suíngue é dos vais e vens dos sentimentos ao longo da faixa.
Isso continua em Adios, na qual o piano ganha o acompanhamento de lindas cordas. No meio da música, ele interrompe a melodia para um discurso confessional e uma posterior inserção de outra composição, uma faixa dentro da faixa. Edmonton traz notas mais graves e uma espécie de proto-R&B combinado com uma dinâmica de hoje em dia (essa frase fará mais sentido assim que você ouvir o disco).
Pra acabar, Mathematics, a mais curta, prolonga as qualidades que já nos cativaram nos últimos 15 minutos. Benjamin Clementine é espetacular mesmo se não houvesse plateia, esbanjando carisma e identidade a cada acorde no piano ou na voz. Criativo e ousado, Condolence EP é audição obrigatória pra qualquer um que queira estar a par do som de hoje em dia.