Quando Eighteen Hours of Static, a estreia de Big Ups, surgiu há dois anos, causou uma ótima impressão. A maneira com que a banda resgatava a sonoridade do Hardcore vinda dos anos 90 soava, ao mesmo tempo, um revival muito preciso e uma apropriação contemporânea muito particular.
Before a Million Universes é o segundo passo do grupo novaiorquino. A banda aqui, como o título denuncia, continua com sua maneira hiperbólica de narrar o mundo. Todavia, se uma das características mais marcantes de seu antecessor era justamente o resgate quase imaculado do Hardcore noventista (seja à la Minor Threat, seja Dead Kennedys), agora o grupo começa a traçar a sua própria linguagem. A estabilidade de outrora se dissipa em dois extremos, ora pesando a mão e aproximando seu Punk dos recônditos mais intensos do Rock, ora apostando em melodias limpas.
O metódo narrativo de Big Ups se aprimorou muito em Before a Million Universes, seja ao dissolver suas faixas em estruturas mais complexas e praticamente imprevisíveis, seja por alternar sua cadência entre faixas mais pesadas e outras mais ajeradas, dando uma cadência muito interessante e bastante prazerosa para o ouvinte.
Big Ups, há dois anos, apareceu como uma das promessas mais interessantes do Hardcore desta década. Agora provou superar o espírito adolescente de outrora e aproxima-se de uma maturidade musical muito inteligente. Excelente.