Resenhas

Black Country, New Road – Forever Howlong

Com melodias rodopiantes e momentos de extrema beleza, novo disco do grupo britânico abraça um pop-folk de ares fantásticos e dramáticos.

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Ano: 2025
Selo: Ninja Tune
# Faixas: 11
Estilos: Folk, Pop, Chamber Pop
Duração: 52'
Produção: James Ford

A banda britânica Black Country, New Road teve que se reinventar repentinamente no último ano. Depois de ter uma ascensão meteórica com a estreia For The First Time (2021), Isaac Wood – frontman, compositor, vocalista e guitarrista – anunciou que daria uma pausa em sua trajetória artística por conta de questões com sua saúde mental. Comunicando sua saída apenas quatro dias antes do lançamento do segundo álbum, Ants From Up There (2022), deixou a banda à deriva com uma turnê internacional marcada. O grupo resolveu seguir adiante, não tocar mais as músicas de Wood, sacando uma série de composições da gaveta para preencher o espaço da turbulência transicional. Enfim, a empreitada resultou no álbum Live at Bush Hall, o terceiro álbum de inéditas em apenas três anos.

Após uma pequena pausa de um ano para recalibrar as coisas, chega agora até nós Forever Howlong, mais uma tour de force do grupo de seis integrantes – uma hidra agora encabeçada por três mulheres (Tyler Hyde, Georgia Ellery, e May Kershaw), que se dividem, além de instrumentistas, como compositoras e vocalistas.

A saída de Wood afinal também resultou em uma mudança no estilo do grupo, antes parte de uma onda post-rock que tomou a cena inglesa de assalto, ao lado de bandas como Black Midi, caroline ou Ugly. No novo trabalho, o BCNR se divide em estilos que, embora sejam distintos, são amalgamados em uma só massa sonora pelo grupo: um pop-folk de ares fantásticos e dramáticos.

Ao invés da guitarra elétrica em primeiro plano, marcam a sonoridade do grupo timbres mais agudos e glicerinados do banjo, do harpsichord, do violão de nylon e da flauta doce. Além, é claro, das vozes em outro registro, mais agudas e também mais melodiosas, em contraponto ao estilo declamatório de antes. Agora, muito mais barroca, com músicos treinados na música clássica, a banda se aventura por faixas de quatro a seis minutos de duração, com melodias rodopiantes e verborrágicas, com momentos de muita beleza em uma avalanche de 11 rapsódias.

De acordo com Hyde, Forever Howlong é “um espectro bastante amplo de feminilidade, nós três fomos criadas de maneiras diferentes e passamos por coisas diferentes, e isso realmente toca em muitos sentimentos gerais de humanidade, bem como em eventos específicos que nos aconteceram. É uma pequena enciclopédia”.

De fato, há uma hipertrofia musical, lírica e sonora em Forever Howlong. Mas, como um todo, sobressai a sensação de um grande movimento do grupo, antes direcionado em linha reta, como válvula de escape de seu vocalista, agora em formação circular, com músicas feitas em comunidade e falando sobre comunidade. Um hexágono musical onde cada vértice está incontornavelmente ligado a um outro ponto de sua geometria.

(Forever Howlong em uma faixa: “Besties”)

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ARTISTA: Black Country

Autor:

é músico e escreve sobre arte