Resenhas

Bop English – Constant Bop

Em sua estreia solo, James Petralli vasculha seu baú de referências e sonoridades

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Ano: 2015
Selo: Blood and Biscuits
# Faixas: 10
Estilos: Rock Alternativo, Rock, Piano Pop
Duração: 35:22
Nota: 3.5

Dar o play em Constant Bop me parece o equivalente a comprar uma passagem de ida rumo à cabeça de James Petralli, conhecido também por ser voz e uma das guitarras do grupo White Denim e que agora assume as rédeas do próprio projeto sob o nome de Bop English. São apenas dez faixas, mas mostram uma miríade de novas possibilidades ao som proposto na banda de Petralli, levando aquela sonoridade mais roqueira do grupo para passear pelos terrenos mais diversos.

Começo dizendo isso, pois é impossível dissociar Denim de Petralli e as comparações são inevitáveis – ainda mais quando membros de White Denim tocam também neste álbum -, porém confinar a sonoridade do projeto como mero desdobramento da música feita pelo grupo é um erro grosseiro. Aqui, há outras tantas influências e uma sensibilidade diferente em apresentá-las e basta chegar na segunda faixa, o single Struck Mathes, e isso lhe ficará bem claro.

Em Constant Bop, Petralli vai brincar com diversas sonoridades vindas dos anos 60 e 70, como Jazz, Rock Clássico, Country e Piano Pop – no caso desse último, podendo em alguns momentos soar como um crossover entre Elton John e White Denim. O mais interessante é ver que toda essa sopa de estilos surge muito naturalmente, o que gera grande coesão dentro do álbum, mesmo se tratando de estilos tão diferentes. A produção e a escolha de timbres, ambas muito bem feitas, ajudam a criar esse efeito.

O foco nas melodias e uma proposta, digamos, mais Pop, fica evidente logo de cara. Você notar isso na abertura, Dani’s Blues (It Was Beyond Our Control) (com seu quê Elton John), em Falling At Your Feet (e seu misto entre The Beatles e Bob Dylan) e em Trying (e seu pézinho no Funk) – note também, ao final da faixa, a inserção de gravações dos protestos de junho de 2013 no Brasil (“Vem pra rua, vem”). Cada uma consegue a seu modo buscar no subconsciente do músico alguma inspiração diferente, alguma influência importante para Petralli.

O tal passeio pela cabeça de James Petralli vale a pena, seja você fã ou não da música feita por White Denim. O disco fala por si mesmo, apresenta seus bons momentos e, sobretudo, cria uma troca interessante entre letras e melodias. No fim das contas, James vasculhar seu próprio baú de referências gerou no disco um grande frescor, mesmo que esse processo autoral tenha “se focado no passado”. Sem dúvida alguma, um ótimo trabalho solo e que soma ao que o músico já faz em sua banda.

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BOM PARA QUEM OUVE: Elton John, White Denim, Wilco
ARTISTA: Bop English

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts