Resenhas

Bowerbirds – The Clearing

Após excursionar com Bon Iver e Arcade Fire, a banda americana de Folk lança terceiro disco mostrando maturidade artística e emocional ao cantar suas reflexões sobre vida, morte e perdas em belíssimas canções

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Ano: 2012
Selo: Dead Oceans
# Faixas: 11
Estilos: Folk, Indie Folk, Folk Rock
Duração: 45:35
Nota: 4.0
Produção: Philip Moore e Nicolas Vernhes

Três anos após lançar seu segundo disco, período em que saiu em turnê com nomes do nível de Bon Iver e Arcade Fire, a banda Bowerbirds revela ao mundo o álbum The Clearing, que traz novas sonoridades, timbres e até mais músicos à formação original da banda, resultado da maturidade adquirida nesse período.

Foi um tempo em que a banda (na época um trio) quase acabou devido ao peso da vida na estrada, o que prejudicou também o relacionamento do casal central, Philip Moore e Beth Tacular (que, além de tudo, ficou terrivelmente doente). Passada a tempestade, os dois convocaram três novos músicos para gravar composições com sua nova visão sobre perda e morte.

The Clearing é construído ao redor de um interessante estado de espírito, uma sobriedade menos apaixonada do que os discos anteriores, como um otimismo sincero e natural de quem acabou de contemplar sua mortalidade. As músicas surgem como sorrisos espontâneos e melancólicos, fluindo ao longo de onze faixas quase que interligadas, todas parecidas o suficiente para a gente logo identificar como pertencentes a esse álbum, mas variadas o bastante para a audição não se tornar cansativa.

Tuck the Darkness In e The Yard, as duas músicas previamente divulgadas para anunciar a obra, abrem o disco revelando a guitarra elétrica como uma das novidades nas músicas, antes construídas principalmente no violão e piano, com ajuda de alguns outros instrumentos acústicos. A terceira faixa, Walk the Furrows, traz um belo arranjo de cordas para acompanhar o violino sempre presente nas produções do Bowerbirds, contribuição de Leah Gibson, uma das novas integrantes.

Stitch the Hem parece uma releitura Folk e gringa de uma bossa nova, algo meio Kings of Convenience, enquanto This Year e Brave World continuam a explorar novos ares da guitarra, criando climas e momentos diversos ao longo das músicas com as cordas e percussões. Hush traz um dueto de Beth e Leah acompanhado por Bon Iver ao vibrafone em um belo exemplo da sonoridade tão rica e bem trabalhada que a banda fez nessa produção.

Overcome with Light remete à Tuck the Darkness In e as duas quase que se completam, inclusive pela antítese luz e escuridão nos títulos. Sweet Moment lembra mais o Bowerbirds das antigas, com a cadência do Folk Tradicional e o violão reconquistando seu espaço, mas com instrumentos de sopro. É então que o álgum começa a se finalizar, com a sequência Death Wish e Now We Hurry On, que, emendadas uma na outra, somam 11 minutos de uma longa reflexão sobre o sentido da vida (“O que estamos fazendo agora em um mundo meio quebrado?”) e a proximidade da morte (“Achávamos que tínhamos a eternidade, mas agora nos apressamos). É um final quase cinematográfico e grandioso, mas que conserva a simplicidade característica do gênero.

Com The Clearing, o Bowerbids vai provavelmente se firmar de uma vez entre os grandes nomes do Folk Contemporâneo, até por ter o nome Bon Iver nos créditos (o que deve chamar a atenção de quem ainda não conhece o trabalho da banda), além de satisfazer seus milhares de fãs espalhados pelo mundo com mais um lançamento de alto nível.

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BOM PARA QUEM OUVE: Grizzly Bear, Fleet Foxes, Bon Iver
ARTISTA: Bowerbirds
MARCADORES: Folk, Folk Rock, Indie Folk

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.