Resenhas

Buzzy Lee – Facepaint

Artista apresenta sua identidade entre a melancolia e a nostalgia

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Ano: 2018
Selo: Future Classic
# Faixas: 5
Estilos: Indie, Indie Pop
Duração: 18'
Nota: 3.0
Produção: Nicolas Jaar

“I’m not your little girl” – Buzzy Lee deixa claro o seu recado logo no primeiro minuto de seu primeiro EP, na faixa que dá a ele seu nome (Facepaint). Sendo este seu primeiro lançamento solo, é a hora de mostrar sua identidade como artista, daí um apanhado de faixas com diversos versos em torno da palavra “eu”. Da mesma forma, conhecemos agora um pouco melhor sua proposta sonora, para além dos dois (ótimos) singles apresentados previamente.

Para além do clima meio dançante, meio entediado da excelente Coolhand, a primeira faixa apresentada da cantora, o clima do disco reside mais naquele apresentado por sua segunda música lançada, No Her. A vibe do EP é a de uma sonoridade bastante nostálgica herdada da produção autoral de décadas atrás, aquela aproveitada à exaustão nas rádios de sala de espera por aí, que fica melhor ainda com fones de ouvido. Sua voz reverbera em ambientações graves de timbres esparsos, aquela sensação de que os instrumentos estão em lugares diferentes de um cômodo enquanto o vocal preenche os espaços entre eles. É a sonoridade mais refinada possível dentro daquilo que entendemos como “Pop”.

Sasha Spielberg, o nome verdadeiro da artista, apresenta uma ironia muito mais charmosa do que as outras vozes que se aproveitam dessas características, como Lana Del Rey ou Marina and the Diamonds. Como uma herdeira de grandes obras feitas em seu país natal (EUA), sua música remete a um conteúdo sentimental de fácil assimilação e, ao mesmo tempo, requintado – pense em Stevie Knicks e seu Fleetwood Mac, por exemplo -, o que deixaria o conteúdo do EP muito bem ao lado de gente de sua geração, como Natalie Prass (quando mais emotivo) ou HAIM (quando mais despretensioso).

Entre esses dois climas, o segundo é o que ela faz melhor, e é uma pena darmos conta de que apenas Coolhand levanta essa bandeira. O que fica da audição de Facepaint é o clima das outras quatro faixas, as baladas reverberantes que, por mais caprichadas que sejam com a produção de Nicolas Jaar, podem passar batidas em meio a tantas outras semelhantes lançadas hoje, ontem ou em 1982. Em uma obra que se propõe a apresentar a identidade de Buzzy Lee, é curioso notar que apenas uma faixa esbanje personalidade.

(Facepaint em uma música: Walk Away)

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BOM PARA QUEM OUVE: Natalie Prass, Haim, Sharon Van Etten
ARTISTA: Buzzy Lee
MARCADORES: Indie, Indie Pop

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.