Resenhas

Cachorro Grande – Electromod

Disco tenta lapidar nova identidade, mas acaba caindo em clichês

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Ano: 2016
Selo: Coqueiro Verde Records
# Faixas: 10
Estilos: Psicodelia, Electro Rock, Synthwave
Duração: 47:00
Nota: 2.5
Produção: Edu K

Cachorro Grande é uma banda que tomou um grande risco em sua história. Seu disco de 2014, Costa Do Marfim, foi um grande salto de uma sonoridade totalmente embasada no Blues e Indie Rock para um experimento mais Psicodélico e até Eletrônico que, no fim das contas, acabou se tornando uma precipitada e forçada forma de amadurecer uma sonoridade conhecida. Mas há sempre dois lados para uma moeda, afinal, embora tenha sido um disco mediano, o fato de ter se arriscado é algo extremamente louvável, principalmente para uma banda com tanto tempo de estrada. É exatamente neste momento que encontramos o grupo gaúcho: acertando as consequências dessa brutal mudança.

Electromod é um disco com erros e acertos, como qualquer outro. Entretanto, a banda começa a entender um pouco melhor o caminho que resolveu tomar quando decidiu trocar os riffs crus de guitarra por sequenciadores hipnóticos. Algumas faixas ainda mantém um certo peso do Rock e há até momentos, como Limpol No Astral, que você consegue lembrar de um The Prodigy menos frenético e mais melodioso. O single Electromod já apontava essa direção Electrorock, entoando uma base rápida com ironias ríspidas sobre a hipocrisia de protestos. A banda entende melhor aonde deseja chegar, mas há ainda um grande caminho a percorrer.

Por vezes, há canções com estruturas entediantes, advindo principalmente da vontade de fazer da repetição de frases de sintetizadores uma experiência psicodélica. Há momento em que um mesmo som é repetido por quase trinta segundos, tentando culminar naqueles build-ups típicos de projetos de EDM. Embora haja acertos quanto à dosagem do elemento eletrônico em relação ao Rock, há momentos em que isto se desequilibra, produzindo faixas extremamente genéricas, como Tarântula. Pandora, outro exemplo, começa com uma ambientação típica do começo do cenário Eletrônico dos anos 2000 e nada faz com que este estado se altere, provocando uma falta drástica de movimento.

Electromod insiste em um experimentalismo que talvez não acompanhe o rítmo da banda, produzindo assim, uma obra confusa que ora constrói caminhos mais interessantes do que seu último disco, ora sofre recaídas bem pesadas apelando para estruturas tão comuns que chegam a ser esteriótipos, enfraquecendo o trabalho como um todo. Um mediano necessário para novos trabalhos, assim esperamos.

(Electromod em uma faixa: Electromod)

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Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique