O primeiro lugar nas vendas, a onipresença de Cardi B na grande mídia nas últimas semanas e os convidados de peso neste que é seu terceiro álbum nos relembram que Invasion of Privacy é um desses felizes casos de um produto meticulosamente destinado ao mainstream que consegue estar em par com uma estética e uma mensagem que agrada também outras esferas.
Parte disso vem da própria figura da artista. Carismática, dona de uma fala peculiar tanto nas palavras quanto em suas pronúncias e plenamente divertida, a rapper, stripper e “personalidade da mídia” não passa facilmente desapercebida. E, ao lado de nomes como Kanye West e Beyoncé, possui um trabalho que a coloca no radar da boa música feita em seu tempo, algo que não pode ser encoberto por suas presenças nas capas de revistas de celebridades.
No caso, é aquele Hip Hop de tons graves que sabe incorporar momentos de um R&B mais Eletrônico. Ao lado de convidados como Migos, SZA e Chance the Rapper, ela entrega versos bastante autobiográficos (daí a “invasão de privacidade” do título) trajados com a densidade e o volume que estamos acostumados ao gênero hoje em dia, seja em faixas mais agressivas (como Bodak Yellow ou Money Bag) ou mais sensíveis (Be Careful).
Com a narrativa calcada em um discurso de liberdade sexual de uma mulher preta de origem humilde, Invasion of Privacy sabe explorar o potencial de Cardi B enquanto rapper e enquanto personalidade. Mesmo que incomode em certos momentos, por parecer ter tido escolhas feitas pelo departamento de marketing (como o Reggaeton com J Balvin em I Like It), é um disco que faz por merecer seu destaque na qualidade de produção, no diálogo com as tendências e, principalmente, pelo fator de entretenimento que sabe oferecer.
(Invasion of Privacy em uma música: Bickenhead)
