Como se fosse uma sessão de auto-análise, o músico Cassius Augusto resolveu botar na mesa a relação que mantém com o Rio de Janeiro, cidade onde nasceu. Ex-integrante do grupo Dorgas e um dos criadores do selo A Onda Errada, o músico apresenta um trabalho melancólico e reflexivo batizado de Coisas no Rio.
Neste caso, a relação é complicada, daquelas à distância. Morando em São Paulo, o carioca experimentou um outro ponto de vista. Essa nova perspectiva é sentida às duras em quatro faixas nebulosas gravadas no ano passado.
A mixagem e produção foram por conta de Rafael Bordalo. A master ficou nas mãos de Dustan Gallas. O setup entrega o delicioso clima oitentista noventista das canções: “Foram dois teclados basicamente : Korg Poly 800, dos anos 80, e um Kawai k1, que é noventista. A bateria é a TR 8 e um sequencer de baixo inspirado na TB303, a TB3. Em Cidade Partida tem um baixo junto com a TB-3”, relata Cassius Augusto.
Desacelerada é a Circo de Elite, que ironiza o universo social carioca num ritmo que beira o Trip-Hop. Sem dó, a faixa Rolo Compressor atropela pensamentos protagonizados pela cidade, que vive uma falsa intensidade. Já Coisas no Rio, a guitarra de Eduardo Verdeja é o fio condutor dessa narrativa que versa delicadamente sobre “quem atraca nossa costa”. Para arrematar, o saxofone de Lucas de paiva ambienta Cidade Partida num clima étereo e deliciosamente perturbador.