Chavez é um fenômeno que passou batido. Não estamos falando da série de televisão mexicana, mas de uma banda que levou a noção de hiato ao extremo ao permanecer neste estado por vinte longos anos. Imerso no grande caldeirão underground e Indie do começo dos anos 1990, o conjunto consolidou relativo sucesso entre guitarras sujas, riffs amargos e um atitude descompromissada: uma mistura de Smashing Pumpkins com os primeiros anos de Silverchair.
Nunca houve um anúncio formal de um fim, a banda simplesmente parou de fazer shows e novas canções, lançando apenas uma coletânea em 2006. Entretanto, a brevidade de suas atividades serviu como um grande ímã, atraindo todo o cenário e inspiração da época e os remoendo na cabeça dos integrantes por vinte anos. Agora, eles finalmente quebram o silêncio com Cockfighters, um curto EP de três faixas que explode em nossa cara toda a força guardada, como uma grande cápsula do tempo.
Produzido pelo mesmo produtor que assinou os primeiros discos, a banda continua firme e forte na mesma pegada Indie/Post-Metal, com composições agressivas e desorientantes que não economizam nas distorções e nos volumes dos amplificadores. São canções curtas, mas potentes, imprimindo uma característica Punk inegável. The Singer Lied traz um riff estridente com um bateria explosiva, que por vezes chega até a lembrar tons suaves de músicas da banda Korn: um New Metal Indie, se você preferir. Blank In The Blaze traz aquela tensão Sonic Youth, mas acrescenta melodias mais concretas e ritmos mais suíngados. Por fim, The Bully Boys parece misturar um timbre de voz meio Foo Fighters com duetos de guitarra, tudo sobre uma ambientação caótica e propícia para rodinhas de porrada, tal como os anos 90 pareciam ser.
Esta cápsula do tempo provou ser um grande caldeirão de referências, o que por um lado pode trazer uma inconsistência autêntica, mas certamente se torna relevante à medida que tentamos descobrir a contribuição destes elementos para o produto final. Chavez faz um bom retorno mas precisa tomar cuidados para não cair naquela categoria “bandas velhas que voltaram com um som atualizado e moderno”, categoria que Pixies bem entender. De qualquer forma, é um EP forte que pode traçar caminhos interessantes para a banda.
(Cockfighters em uma faixa: The Singer Lied)
