É interessante ver o processo dos primeiros passos de uma banda, como ela vem buscando a sua identidade através de suas letras e músicas. Um EP, como material de estreia, pode ser tanto bom quanto ruim para observarmos esses traços. Por ser compacto, esse modelo mais enxuto pode trazer uma mistura confusa e muito breve sem podermos analisar. Entretanto, por ser mais condensado, pode passar de uma maneira mais direta a ideia que a banda quer e que veremos nos trabalhos seguintes.
Ainda bem que no caso do CHVRCHES (prouncia-se “churches”) a recepção é boa. Depois dos singles Lies e The Mother We Share, chegou a hora do trio escocês dar um passo adiante e lançar seu EP. Recover vem com quarto faixas, sendo três originais e um remix da faixa-título, em que observamos misturas que variam do mais Pop para um som mais encorpado e até mesmo algo híbrido entre eles. O motivo disso tudo pode ser dado pelas diferentes origens de bandas anteriores de seus integrantes: uma banda de Indie Pop, uma de Post Rock e uma de Post Punk Revival.
A primeira faixa é a que recebe o nome do álbum. Tal se mostra um ótimo single que funciona muito bem como música de entrada para o novo público se apresentando com boa melodia Pop na medida e variações nos versos, que a tornam dinâmica evitando de ficar um Synthpop massante e cansativo. Além disso, vemos o uso sóbrio dos sintetizadores e bateria eletrônica, não deixando o som saturado de efeitos, o que o transformaria numa música poluída.
Ainda falando de Recover, o compacto fecha com uma versão remixada da mesma, feita por Cid Rim. A versão ficou mais alongada, ganhando alguns minutos e aparece com misturas de batidas eletrônicas tendo até umas referências leves de 8-bit. O resultado é uma versão interessante, pois foca num trabalho na base instrumental e preserva o charme do vocal de Lauren.
A segunda faixa é ZVVL, uma mistura de The Knife com Cyrstal Castles “versão” primeiro disco. Mais densa e menos extrovertida que a primeira do álbum, se mostrou mais absorvida do som Post Punk vindo da banda anterior de Martin – vocalista de apoio. A letra se apresenta bem reflexiva, citando análises interiores e de momento de libertação. Nota-se então algo bem diferente de Recover onde a temática é focada sobre dar uma chance para alguém que se ama/amou e uma busca por recuperar o que se teve, partindo para um lado romântico.
Logo a seguir Now Is Not The Time se apresenta mais híbrida entre a animação Pop e o clima mais cadenciado com um início marcado pela bateria eletrônica com kicks e snares fortes e o vocal mais calmo e um leve crescimento logo a seguir.
A fofura de Lauren Mayberry com o instrumental de sintetizadores de Martin e Iain casaram muito bem. O trio conseguiu trabalhar trazendo o que seus integrantes acumularam de bagagem em suas bandas anteriores ou paralelas para formar um som que sabe a hora de ser extrovertido e Pop e a hora de ser mais tocante com o seu ouvinte. No final a vontade é de se ouvir o compacto outras outras vezes durante o dia.