Glasgow parece realmente ser uma terra abençoada pra música. É de lá que surgiram nomes como Primal Scream, Mogwai, Belle and Sebastian, Camera Obscura, The Pastels, entre outras. E agora, parecer ser a vez do novo xodó do mundo da música: CHVRCHES.
Após lançar o bem criticado EP Recover, o trio chega com seu primeiro álbum, o intitulado The Bones Of What You Believe, e o resultado é uma manutenção dos elogios, visto que a qualidade das demais composições que se somam às já conhecidas no compacto também se mantém.
Se com Recover e os singles já conhecíamos quatro das canções do disco de estreia, sendo elas singles do grupo, agora era a vez nos depararmos como que a banda consegue trabalhar faixas que adotam o papel de elementos de apoio e suporte para tais singles, que são os trabalhos que sempre ganham maior visibilidade, e por isso maior atenção, o que pode afetar na composição das demais músicas.
Ao se tratar de como a banda trabalha suas músicas, deve se dizer que CHVRCHES consegue, de maneira bela, passar um Electropop/Synthpop que não chega a ser tão igual aos demais, mas também não tão diferente ou modificado. E é esse meio termo o qual o trio encontrou que dá o charme de suas canções, que trabalha entre não se perder das raízes dos estilos citados. Um dos elementos que é muito bem colocado, e que pode ser visto como um ponto forte, é o doce vocal de Lauren Mayberry – que já tem uma experiência Pop com sua ex-banda, Blues Sky Archives – como um novo “instrumento”, o que dá um ar mais humano e puxa para a voz um destaque, coisa que para o eletrônico em geral acaba sendo levemente secundário, tendo as batidas como a tônica – mas não que o trio deixe isso de lado, longe disso, como pode ser visto, por exemplo, na ótima batida inicial de We Sink, ou na repetição sólida em Science/Visions.
Falando das canções em si, as já conhecidas The Mother We Share, Lies, Gun e Recover ganham companhia no quesito single, mesmo não sendo um. Trata-se de Night Sky. Com refrão altamente energético e contagiante, a canção ganha destaque dentre as outras oito novas justamente por se mostrar com potencial para duelar entre os quatro singles como favorita do ouvinte. Tal feito indica que o grupo mesmo tendo tão pouco tempo juntos já geraram um ótimo entrosamento, tanto que gerou quatro canções de sucesso e uma com forte potencial.
Apesar de todos os elogios feitos, deve ao menos se fazer uma ressalva. Apenas duas faixas não tem Lauren como a vocalista principal, tendo esse papel por conta de Martin Doherty – sintetizador e sample. Tais músicas possuem um diferença de humor, por assim dizer, sendo mais cadenciadas e arrastadas, o que de maneira alguma se torna um ponto negativo. Porém, o vocal de Martin soa como se fosse ausente de emoção, e isso não se deve ao fato de sua característica mais introspectiva, visto que muitos cantores possuem tal estilo vocálico e passam muita emoção. Talvez seja pela falta de experiência como cantor, visto que em sua ex-banda – The Twilight (que por sinal era de Post-Punk) – Martin era baterista e não cantor, por não ser realmente um bom cantor, ou talvez pelo choque de contraste entre o animado vocal de Lauren que percorre quase que a totalidade do álbum. O que se sabe, é que tais canções – Under The Tide e You Caught The Light – acabaram não casando com a proposta do álbum.
No geral, CHRVCHES passa na prova de fogo do primeiro disco é só comprova a qualidade observada no EP e singles. Traz uma roupagem ao estilo modificada na medida certa e só aumenta ainda mais o carisma que vêm ganhando com o público. Eis uma banda não para se ficar de olho, mas sim para se continuar de olho, pois todo mundo já está com os olhos o trio de Glasgow.