Resenhas

Cocorosie – Tales of A Grass Widow

Duo lança a sua obra mais coesa e Pop mas será que consegue se tornar relevante? Confira a nossa análise aqui.

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Ano: 2013
Selo: City Slang
# Faixas: 11
Estilos: Eletrônica, Freak Folk
Duração: 60:00
Nota: 3.0
Produção: Cocorosie

O duo de irmãs americanas mas estabelecidas como grupo Cocorosie em Paris, chega ao seu sexto disco trazendo um pouco mais de Pop a composições notórias por sua abstração. Donas de um som que mistura elementos eletrônicos ao Freak Folk, conseguem chegar ao seu trabalho mais acessível e coeso, Tales of A Grass Widow.

Coesão talvez seja realmente a palavra para este disco atmosférico do começo ao fim. A sensação é que estamos em um sonho repleto de rudimentos folclóricos, sempre conduzidos pelas vozes de Coco e Rosie. After The Afterlife mistura um coro de vozes femininas a uma batida eletrônica misturada a um baixo com um efeito particularmente estranho. No entanto, no meio de aspectos divergentes temos uma boa canção. Broken Chariot traz o mesmo clima angelical mas desta vez com flautas andinas, transformando a canção em um bom acompanhamento para meditação.

Aliás são os instrumentos pouco usuais fazem o disco se tornar mais interessante. São em músicas como Gravediggress com um xilofone e um dos momentos mais delicado e sincero de voz que temos uma boa música. Todo esse clima meio lounge do álbum é muito bom, mas não consegue transportar em nenhum momento a sua atenção aos elementos da composição, além de alguns sons estranhos. Como pano de fundo para algum trabalho, ou um algum momento relaxante, este disco funciona pois não cansa ou atrapalha. Um perfeito acompanhamento que não chega a brilhar ou se destacar em muitos momentos.

Longe de ser um disco ruim, sua particularidade é de não conseguir ser um protagonista em meio a tantos lançamentos atmosféricos que vimos ultimamemente como James Blake, Wild Nothing ou Daughter, por exemplo. Os grandes momentos ficam resumidos as participações de Antony Hegarty, colocando o grupo com alguns pés nos clubes noturnos. A faixa Tears for Animals é especialmente boa, e traz um baixo bem marcado que aparece nos momentos certos. Antony e as irmãs interagem bem na faixa, fazendo um ótimo contraste entre a voz teatral do primeiro e as interpretações delicadas delas. A pergunta indagatória “do you have love for the humankind?” ficam ecoando durante toda a música, e realmente viciam, fazendo deste o melhor momento da obra.

Outra boa realização da parceria fica por conta de Poison, em que o dueto de vozes femininas e masculinas continua e conseguem transportar mais emoção ao álbum. Aliás, o vocalista é conhecido por fazer de sua voz um instrumento de comoção generalizada, entretanto quem rouba as atenções aqui é Coco, que consegue passar muita intensidade em sua interpretação enquanto Antony faz belos backing vocals.

Sem nunca brilhar propriamente, o duo Cocorosie faz um disco que não chega a comprometer em nenhum momento e serve muito bem como uma trilha-sonora de fundo. No entanto, um gosto insosso chega a boca quando escutamos a obra, a sensação de poderíamos ver coisas mais interessantes. Ou talvez o som delas esteja fadado a este limbo meditativo, que não incomoda mas também não surpreende.

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BOM PARA QUEM OUVE: Daughter, Wild Nothing, James Blake
ARTISTA: CocoRosie
MARCADORES: Eletrônica, Freak Folk

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.