Dois anos após o lançamento do álbum I Predict A Graceful Expulsion que projetou o nome da canadense Al Spx, e após algumas participações especiais em outros projetos, como Innocents de Moby e em To Be Kind, de Swans, é chegada a hora de Cold Specks continuar a carreira com seu segundo álbum, de dez faixas, intitulado Neuroplasticity.
Neuroplasticity continua exatamente no mesmo universo de seu anterior, que convencionou-se chamar de Doom Soul. Isto porque a excelente performance vocal da musicista de aura Gospel remete a algumas grandes divas norte-americanas, embora a ambientação sonora do trabalho seja nublada e abafada, preenchida de arranjos melancólicos.
A atmosfera, aliás, é a grande protagonista deste trabalho. Embora a atenção de Cold Specks esteja evidentemente focada, como já dissemos, na performance vocal de Spx, são os belos timbres e as melodias instrumentais que se encarregam de dar todas as nuances e sofisticação a este álbum.
Neuroplasticity (que, ironicamente, vai no caminho contrário de seu excelente título, na medida em que este indica adapatações cerebrais a caminhos inéditos) nos faz pensar que talvez tamanha segurança com a própria técnica tenha surtido um desejo de reservar-se o direito de não elaborar demais os detalhes da voz. Assim, o registro monocórdico, sempre no mesmo lugar e a ausência de melodias interessantes na voz torna o trabalho um pouco cansativo, ainda mais quando embalado por todo o peso de seu Doom Soul.
De qualquer forma, Neuroplasticity não deixa nada a desejar em relação a I Predict A Graceful Expulsion, e pode funcionar bem em dias sombrios e, assim como o anterior, proporciona um mergulho profundo em seu universo, destes de perder a noção do tempo.
