Lá vem mais um lançamento do grupo de Chris Martin e seu Coldplay, com a intenção do abraço do quarteto inglês ao som fácil dos estádios, com um pé na Eletrônica farofa, outro num híbrido melancólico-grandioso. Ao longo dos últimos anos, esta sonoridade/atitude tornou-se, de fato, o ganha pão de Martin e seus amigos. Nada errado, claro. Este Kaleidoscope EP surge para aproveitar o embalo do álbum anterior e a facilidade com a qual o grupo realiza shows colossais para mantê-lo na ordem do dia.
Por mais que a gente tenha reservas em relação a este mix atual que constitui o “som Coldplay”, não dá pra falar mal dele, a menos que seja com más intenções por trás. É tudo bem produzido, bem tocado, com o que há de melhor disponível nas linhas de montagem das produções musicais disponíveis no mercado. É tudo “topo de linha”, mesmo que as aproximações da banda com rap, caso da esquisita colaboração com Big Sean em Miracles (Something Special), que parece uma canção de um comercial de alguma ONG esperta que, sei lá, salva guaxinins nas florestas da Estônia. Outra canção nesta onda é ALIENS, que tem melodia bonita, percussão eletrônica bem pensada e os vocais de Martin derramando intensidade e paixão por toda a música. Para quem gosta, é prato cheio.
Três faixas presentes (de cinco no total) fazem este EP interessantezinho. A primeira, All Can I Think About You, que sai citando explicitamente Teardrop (sucesso de 1998 de Massive Attack), é bem feita, com uma levada interessante e relativamente nova para uma banda como Coldplay. As outras duas são Something Just Like This, que vem num “Tokyo Remix”, com participação de The Chainsmokers), banda com quem Coldplay andou excursionando por aí afora. Funciona e tem um climão gravado ao vivo, que contribui para as explosões da canção. A outra é Hypnotised, a melhor do EP, um baladão climático e pianístico, para ser executado em arenas com iluminação apagada e celulares fazendo luzinha na escuridão. É dramática quase em excesso, previsível demais, porém, a melodia e o arranjo são bonitos o bastante.
Pensado como um acompanhante do último trabalho, Head Full Of Dreams, este EP é um presente que irá fazer a delícia dos fãs. Para quem viu a banda surgir, lá no fim do século passado, sempre é meio desconfortável vê-la em sua forma atual, mas isso pouco importa. Há boas canções aqui e os fãs vão adorar.
(Kaleidoscope EP em uma música: Hypnotised)