Resenhas

Cornelius – Mellow Waves

Artista japonês retoma carreira solo com álbum que remete à escultura

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Ano: 2017
Selo: Rostrum Records
# Faixas: 10
Estilos: Pop Alternativo, Pop Experimental
Duração: 41
Nota: 3.5
Produção: Keigo Oyamada

Keigo Oyamada é um artista veterano japonês que se estica e desdobra entre vários projetos paralelos que acontecem simultaneamente – o supergrupo METAFIVE entre eles. Cornelius é o codinome do artista quando este ataca pela carreira solo, e este simpático Mellow Waves é o sexto álbum de sua carreira, chegando após um intervalo de onze anos entre lançamentos.

A capa do trabalho, feita pelo artista Tadayoshi Nakabayashi, tio de Oyamada, exibe uma paisagem montanhosa com textura de madeira, que, para um olhar distante, se transmuta em pedaços de corpos femininos. Faz sentido, pois a música de Mellow Waves possui um caráter escultórico e sensual. É um corpo que se transforma em paisagem, que, por sua vez, se transforma em melodia – uma passagem entre momentos estéticos distintos, assim como na obra do artista italiano Lucio Fontana.

Essa materialidade musical pode ser percebida no uso de “efeitos” espaciais, que levam a música de um ouvido ao outro, ou nas texturais bastante materiais escolhidas para o trabalho: cordas de violão, tics e tacs metálicos, batidas sincopadas. Tudo isso vem a carga de uma música melancólica e serena, que mistura nossa Bossa Nova com o Math Rock japonês, uma abordagem próxima àquela que ouvimos em gente como Shugo Tokumaru.

Tudo parece um pouco ingênuo, embora meticuloso. Uma boa viagem por uma música convidativa, que não quebra nenhum protocolo, mas preenche os ouvidos com uma matéria prima bastante sólida.

(Mellow Waves em uma música: Sometime / Someplace)

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Autor:

é músico e escreve sobre arte