Resenhas

CSS – Planta

Em clima maçante e repetitivo, banda perdeu sua característica divertida e despojada e se mostra perdida e fragilizada após a saída de seu principal membro e produtor

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Ano: 2013
Selo: SQE Music
# Faixas: 11
Estilos: Synthpop, Electro-Pop
Duração: 40:19
Nota: 1.5
Produção: David Sitek

Eis que Planta traz mais conteúdo em seu background do que em suas faixas. Primeiro álbum desde a saída de Adriano Cintra, o quarto disco de estúdio do CSS carrega consigo fragilidades, mudanças de produção, de selo e na sonoridade, discussões e ofensas durante esses dois anos com um integrante a menos.

Após uma saída nada amistosa de Adriano, as garotas acabaram tendo de tomar as rédeas do que sobrou do grupo – que já foi um sexteto e agora se resumem em quatro. Dando sequência à La Liberación, lançado em 2011, Planta nem parece ser um disco do CSS. A ausência daquele Eletroclash sujo e “prafrentex” dá lugar a um modorrento e cansativo eletrônico Pop como qualquer outro – ou até pior que qualquer outro.

Sabemos que toda banda tem seus momentos de metamorfose e que então alteram sua musicalidade. Entretanto, dizer que é este o cenário em Planta fica meio suspeito, afinal tal mudança veio logo após a saída de Cintra, o principal compositor do grupo além de produtor de todos os discos até então, e também visto a entrada de Dave Sitek – nome por trás de Liars, Yeah Yeah Yeahs e Santigold – na produção do novo trabalho. O primeiro fator pode ser facilmente dado como influência nessa mudança e queda de qualidade das composições, já a entrada de Sitek como produtor pode até ser isentada de críticas, ainda mais por ser um primeiro contato do mesmo com o quarteto paulista. Porém afirmar que sua escolha foi a indicada fica aberta para a discussão que pode ter dado esses elementos novos ao grupo devido aos seus trabalhos com as bandas citadas, que, visto a fragilidade presente do grupo de garotas, cedeu para esse novo modelo e assim perdeu sua identidade musical e visual.

Com faixas muito similares uma das outras, sempre com sintetizadores acompanhados de uma bateria eletrônica redundante, facilmente se passam quatro ou cinco canções – incluindo o single Hangover – sem perceber muitas alterações nas mesmas. Apenas Dynamite, que por um momento aparenta vir diferente devido ao baixo fortemente presente – e que pode, com muito esforço, lembrar algo como Rat is Dead (Rage) do segundo disco da banda – logo à frente volta para o modelo massivo das demais composições e mal chega a te fazer dançar no lugar. Talvez – mais uma vez com certo esforço do ouvinte – Teenage Tiger Cat seja a música que mais se aproxima do que já foi o CSS anteriormente, com batidas mais intensas, vocais e backing vocals mais animados,despojados e divertidos. Porém, infelizmente, ela faz sozinha esse papel e se torna uma estranha no ninho chamado Planta.

Ao final, ao darmos play em Faith in Love, responsável por selar o álbum, nosso olhos se arregalam e levantamos a sobrancelha tamanha falta de coesão entre o som que se faz ali presente, um New Wave carregado, pesado e obscuro, e a banda, nos fazendo conferir o encarte para ver se realmente estamos ouvindo o disco do CSS – que sempre gostou de se vestir com cores chamativas e visuais “cool” – ou de alguma banda toda vestida de preto dos anos 80.

O saldo que fica é de uma banda que se perdeu totalmente em seu rumo. Brigas, novo produtor – onde também fica a questão se foi uma boa escolha – pressão, desconfiança, e outros ingredientes, somaram-se nesse entremeio e acabaram resultando num trabalho fraco, sem identidade e identificação, e sem propósito. Ao que indica, o antigo CSS – divertido, escrachado e dançante – se foi com Adriano, e agora, só poderá ser encontrado nos vídeos no Youtube e nos três primeiros álbuns.

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Autor:

Marketeiro, baixista, e sempre ouvindo música. Precisa comer toneladas de arroz com feijão para chegar a ser um Thunderbird (mas faz o que pode).