Resenhas

Cuco – Para Mí

Primeiro álbum patrocinado por um grande selo aposta em tons coloridos e letras acessíveis para aumentar o público da banda

Loading

Ano: 2019
Selo: Interscope
# Faixas: 13
Estilos: Indie, Psicodélico
Duração: 37'
Nota: 3
Produção: Omar Banos, Jonathan Rado

A faixa de introdução em Para Mí, o novo álbum de Cuco, é estridente, e anuncia por meio de uma voz metálica que o artista não pode mais ser ignorado. É um sintoma da situação inédita de Omar Banos, jovem californiano de apenas 21 anos de idade, que saiu do universo independente no qual reinava.

Agora, nessa nova fase, ele está sob a tutela de um grande selo musical, o Interscope. Pode parecer uma mudança radical para o seu público, acostumado com o espírito Lo-Fi de sua música, mas, na verdade, a escolha da empresa em assessorar o artista apenas confirma que ele estava predestinado a ser um comunicador importante entre seus pares.

Doris Muñoz, a atual produtora executiva de Cuco, o viu pela primeira vez num pequeno show de garagem: “a conexão que ele teve com sua plateia naquele momento foi incomparável com qualquer coisa que eu já vi. Adolescentes latinxs cantavam todas as letras; foi nesse momento que eu soube que o Cuco e seus fãs iriam mudar a cultura para a nossa comunidade.” De fato, Banos parece aglutinar em torno de si um público que compartilha das mesmas referências que as suas. No entanto, o aspecto político de Cuco está reservado à capacidade de cativar a audiência, mas não se traduz esteticamente na sua música. Para Mí é mais polido que seu antecessor Songs4u (2017), mas assim como ele, é bastante colorido e acessível. Aqui, Cuco destila uma espécie de humor auto depreciativo em suas letras, que falam, em suma, de desilusões amorosas. 

O espírito despretensioso de um Mac DeMarco, com uma atitude prostrada, parece resumir bem o modo como Banos se apresenta para o mundo. A lisergia – vinda principalmente de projetos como Tame Impala, mas que abrange todo o Indie Psicodélico desta década – delineia a produção do disco com sintetizadores oscilantes em primeiro plano. O Trap também deixa escapar alguns acentos aqui e ali, embora através de momentos menos convincentes: seja na postura “bad boy” do protagonista ou nas letras que trazem o uso de drogas como tema.

Apesar dos versos que não se expandem muito para além da literalidade ‒ e esbarram perigosamente em momentos incômodos, como o tom misógino de alguns versos em “Bossa No Sé” ‒, Para Mí é, sem dúvida nenhuma, um trabalho fácil de entender, o que deve não só assegurar sua fanbase, como expandi-la um pouco mais em direção ao mainstream.

(Para Mí em uma música: “Hydrocone”)

Loading

ARTISTA: Cuco
MARCADORES: Indie, Psicodélico

Autor:

é músico e escreve sobre arte