Resenhas

Dead Sons – The Hollers And The Hymns

Baseado no Stoner Rock, a estreia do quinteto registra toda sua abrasividade e intensidade em pouco mais de 40 minutos

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Ano: 2013
Selo: EmuBands Under
# Faixas: 14
Estilos: Stoner Rock, Desert Rock, Indie Rock
Duração: 42:40
Nota: 4.0

O Stoner Rock pode não ter nascido no Reino Unido, mas suas principais influências vem de lá. Cream, Black Sabbath e Led Zeppelin e suas alquimias entre o peso rockeiro e os riffs blueseiros, aliados a uma lírica também orientada ao Blues, formaram a base para o estilo que se fincaria suas raízes na Terra do Tio Sam quase no fim dos anos 90. Mais de dez anos depois de estabelecer como ele é conhecido hoje em dia, eis que o estilo volta para a Inglaterra e inspira The Hollers And The Hymns, primeira obra do quinteto Dead Sons.

Riffs pesados, muita distorção e doses cavalares de fuzz são encobertas por uma nuvem de sujeira e muita testosterona para formar a sonoridade típica do Stoner, que tem como um de seus principais porta-estandartes o Queens of The Stone Age. Ghost Train abre o disco deixando isso bem claro. Nesta faixa, o quinteto consegue um ótimo resultado ao costurar duas guitarras agressivas que se unem ao baixo estourado de Ryan Sellars, enquanto os vocais de Thomas Rowley emergem em meio a todo “barulho”. A faixa, assim como o tal trem que a batiza, parece acelerar e não parar mais, chegando a seu ápice em meio a uma bateria cavernosa que domina o fim da canção.

Na sequência, a banda apresenta outro lado de sua música, ainda a criando sob o peso e os ensinamentos do Stoner Rock, mas se utilizando dos contornos e sensibilidade do Indie Rock, principalmente na parte melódica. Shotgun Woman é um dos pontos altos do álbum e cria um momento em que é quase impossível não se fazer comparações com algo da fase Humbug do Arctic Monkeys. Visto que os macacos estavam sob a tutela de Joshua Homme (líder do QOSTA) nesse disco e que as duas bandas são conterrâneas e amigas, não seria um exagero apontar tais semelhanças. Nesta e em mais algumas faixas, a semelhança vocal entre Rowley e Alex Turner também chamam a atenção (possivelmente enganando algum desavisado).

A tríade Bangonfullturn, A Love As Good As Ours e Hangman segue o mesmo clima regado a guitarras barulhentas e melodias agressivas, cada uma trazendo uma perspectiva diferente do gênero no qual a banda se apoia para fazer suas criações. A primeira embala suas letras desconexas (“Pay phone- Cocaine-Sex room, Death star-Love gun- Boom, Fucking Boom!”) com um ritmo acelerado e ecoante que é acompanhando por linhas brutais do baixo; a segunda brinca em torno de melodia que é acelerada e desacelerada conforme as letras dão a tônica da faixa; a terceira apresenta alguns riffs angulares e ritmados que criam o fundo obscuro perfeito para as letras sobre o tal carrasco do título.

Temptation Pool traz um dos poucos momentos de The Hollers And The Hymns em que a banda se acalma. Um clima “morriconesco” toma conta da bateria de marcha e das guitarras que figurariam em qualquer filme de Bang Bang Italiano. Voltando aos eixos mais roqueiros, Room 54 é mais uma das músicas do álbum onde se consegue traçar alguns parentescos com o som feito pelo Arctic Monkeys, principalmente pela bateria acelerada e as viradas à la Matt Helders, acompanhadas mais uma vez pela sonoridade que remete a intersecção entre Stoner e Indie Rock.

Nada melhor que tratar de uma temática junkie usando tons psicodélicos, e é exatamente isso que Junk Room faz ao trazer a presença constante do órgão que viaja entre as linhas de guitarra e baixo da canção. Chegando próximo ao fim do disco, a banda traz cria um som ainda mais abrasivo que remete ao que Homme faz em seu QOSTA, principalmente com a tríade Stuck In The Maze, The Last Man Standing At e Black Hole Machines.

Passado esse momento pungente, é a vez da agridoce The Hollers and the Hymns aparecer e se alternar entre os momentos doces e calmos, levados ao som do leve dedilhar do teclado, com os mais agressivos e emotivos, embalados por um vocal forte e a cacofonia que toma conta do fim faixa. Se aproximando do Blues, Hold On fecha o disco divergindo completamente do que vinha sido apresentado até então. Guiado melodicamente por uma tímida guitarra, a música segue o cadência dada por um baixo simples e ritmado, que embala os vocais estourados de Rowley.

No geral The Hollers and the Hymns apresenta uma boa diversidade construída a partir do som abrasivo vindo do Stoner Rock e ainda capta alguma acessibilidade trazida do Indie Rock – o que pode lembrar vagamente Rowley e Joe Green em sua época de Milburn.

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts