Resenhas

Death Vessel – Island Intervals

Um pouco mais ousado que seus trabalhos anteriores, novo álbum aposta em harmonias doces e temas obscuros

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Ano: 2014
Selo: Sub Pop Records
# Faixas: 8
Estilos: Singer-Songwriter, Folk
Duração: 33:44
Nota: 2.5
Produção: Alex Somers
Itunes: https://itunes.apple.com/us/album/island-intervals/id761513404?uo=4

Joel Thibodeau, o músico responsável pelo projeto de Folk atmosférico Death Vessel, parece estar distante do ar ingênuo e inocente que marca sua estreia de nove anos atrás. A secura e a crueza das cordas dos violões de Stay Close (2005), evoluíram pelos caminhos de Nothing Is Precious Enough For Us (2008) e chegam agora para as ressonâncias nubladas do reverb vindas das águas geladas e polares da Islândia (embora seja natural de Berlim e tenha fixado residência em Rhode Island, o novo trabalho conta com uma infinidade de participações e foi produzido por Alex Somers, o mesmo responsável por alguns trabalhos do Sigur Rós em Reykjavik).

Além disso, outro aspecto é notável na evolução de Death Vessel. Agora, em Island Intervals, a faceta tímida (e ligeiramente genérica) de antes começa a ceder lugar, aos poucos, para melodias levemente mais ousadas e pegajosas. Um vez trespassadas as bases eletrônicas de Ejecta, a faixa de introdução, começamos a adentrar num universo doce e sensível (deixando o álbum com a sensação de dias de sol muito gelados), que culmina na trinca belíssima bem ao meio do trabalho com as faixas Triangulated Heart, Mercury Dime, e Ilsa Drown (uma parceria com o vocalista do já citado Sigur Rós, Jónsi).

Existe algo de velado no trabalho de Death Vessel, de fato. A doçura e a beleza das melodias não correspondem à impressão de suas capas, por exemplo, na criança morta e na figura fantasmagórica de seu primeiro álbum, Stay Close, ou no azul escuro e gélido das ilhas cartografadas em Island Intervals. Corresponde muito menos, aliás, ao nome da banda. Suas letras também são quase abstratas e jogam com a poesia fonética das palavras (como em Ilsa Drown, que canta “Algonquian, You’ll Be Awful, Shrewd and cloud-tall ghoulishly loud, You Ought to know”), tão “confusas” quanto o jogo andrógino que faz, de aparência masculina, cabelos compridos e uma voz soprano muito feminina e bela.

O que Laura Veirs tem de ensolarado, Joel Thibodeu tem de obscuro. E fora os temas que escolhe trabalhar, compartilha da melancolia e da beleza do Folk tal qual inúmeros exemplos do gênero. Não há nada o que temer no leito de morte de Death Vessel e seu belíssimo trabalho de 2014.

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Autor:

é músico e escreve sobre arte