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Apar, quarto disco do quarteto espanhol Delorean, me parece o fruto do trabalho de músicos muito competentes ao invés de soar como um uma obra de artistas realmente inspirados. Tecnicamente, ele é impecável e não à toa se torna e um dos bons exemplares do Electro Pop e Indie Pop que ganham destaque neste ano, porém, comparativamente, esta obra perde muito do teor mais dançante das obras anteriores dos espanhóis.
Ao invés de investir em sua usual inventividade e intensidade sonora, o grupo me parece recorrer a saídas mais fáceis, que por mais Pop, acessíveis e focadas que sejam, perdem muito daquele senso rítmico visto em obras como Subiza, de 2010.
Ainda assim, o disco traz boas novidades. A principal delas é o grupo investindo em um formato de banda. Se as produções anteriores tinham um tom mais sintético e computadorizado, aqui há maior sensação orgânica e fluída, algo que só músicos realmente tocando seus instrumentos poderiam passar. A produção também é outro destaque, mostrando vocais mais limpos e variados (incluindo os de Caroline Polachek, do Chairlift, em Unhold e a visível melhora da apresentação do vocalista Ekhi Lopetegi), refrãos mais pegajosos e uma instrumentação muito bem executada.
Essa aproximação ao som mais orgânico pode ser notada desde a ótima abertura, em Spirit. Começando com linhas de sintetizadores em looping e com elementos (batidas, vocais e baixo) entrando aos poucos, a canção vai crescendo lentamente, tomando seu tempo para crescer. Mais urgente (e dançante), a sequência com Dispute Time cria um dos momentos mais divertidos em todo Apar, sendo a dobradinha mais pegajosa de todo o álbum. Destaques também para as faixas Dominion (recheada com ritmos e batidas bem marcantes) e Unhold (que além do vocal de Polachek, traz um pouco da vibe Indie Pop do Chairlift), fechando a primeira metade do álbum.
Infelizmente, a segunda metade cai em fórmulas já testadas anteriormente e não acrescenta muito ao que a banda tinha feito nas primeiras quatro faixas. Ainda que divertido, o disco se enclausura na zona de conforto dos espanhóis, o que acaba prejudicando o restante do álbum e o deixando com certo aspecto pasteurizado e vazio, ainda que todas as qualidades instrumentais e de produção sejam bem palpáveis. No fim das contas, Apar é um disco dançante que “falha” ao por o ouvinte para se mexer.
