Resenhas

Deradoorian – The Expanding Flower Planet

Ex-integrante de Dirty Projectors lança seu ambicioso álbum solo

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Ano: 2015
Selo: Anticon
# Faixas: 10
Estilos: Experimental, World Music
Duração: 46:16
Nota: 4.5
Produção: Angel Deradoorian, Kenny Gilmore

Embora o EP de estreia de Deradoorian (Mind Raft, de 2009) tenha despertado mais a desconfiança do que a atenção dos ouvintes, The Expanding Flower Planet veio, ao que tudo indica, para redimir a artista como um dos grandes lançamentos do ano.

Em sua defesa, Mind Raft, de fato, pertence a um universo menor, daqueles trabalhos confessionais com acabamento Lo-fi (tendo mais a ver com um registro “demo” do que um exemplar devidamente amadurecido), e não conta com a mesma produção encorpada de seu primeiro álbum completo. A impressão que fica é a de que Angel Deradoorian, que atuava como baixista e vocalista da banda americana Dirty Projectors, após o hiato da mesma, encontrou tempo para dedicar-se integralmente a si mesma (e, consequentemente, ao projeto que leva o seu sobrenome).

Tendo isso em vista, vale afirmar: The Expanding Flower Planet é um trabalho impressionante. A influência de sua banda anterior, a já citada Dirty Projectors, é visível. Temos aqui o mesmo jogo dinâmico de arranjos incessantes e entrecortados entre vozes e instrumentos. No entanto, The Expanding… , com o perdão do trocadilho, se expande a influência muito mais universais. A capa já uma dica de qual é o clima tonante deste trabalho: seu nome (que vem de uma tapeçaria chinesa), a fonte escolhida para o mesmo, assim como o desenho psicodélico feito em lápis de cor fazem parte da herança que os Estados Unidos tiveram das culturas orientais com a onda hippie vinda dos anos 70.

Por isso, podemos encontrar aqui, além dos temas e letras que fazem alusão aos chakras e a expansão de consciência em si, uma vibe muito forte de jam sessions meditativas da World Music, além do uso de instrumentos (e suas subsequentes escalas musicais) “exóticos” vindos da India ou do Japão.

A crítica negativa a se fazer aqui diz respeito ao afastamento que o ouvinte pode ter o trabalho. Tanto experimentalismo e anacronismo, afinal, acabam soando, por um lado, como um mero revestimento de um gênero musical (e seus respectivos costumes sociais) que já não existem mais. Por outro lado, não é como se The Expanding… se resumisse a paródia. Pelo contrário, o debute oficial de Deradoorian é ambicioso, sofisticado e um salto quântico e uma evolução louvável dentro da carreira solo da artista.

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Autor:

é músico e escreve sobre arte