Meaning’s Edge, o novo EP de Djrum – alcunha do músico londrino Felix Manuel –, é um trabalho breve, mas preenchido de energia. Com apenas três músicas, que, no entanto, se estendem e se dividem em cinco faixas que chegam a ultrapassar os oito minutos de duração, o projeto exibe o contraste da percussão frenética do techno e do dubstep com o timbre diáfano e melódico da flauta
Com um aceno para o IDM e uma interessante intersecção entre Aphex Twin e Andre 3000, Djrum constrói uma assinatura própria através do encontro de diferentes influências musicais. Na capa do lançamento, vemos uma pintura do que parecem ser pedras empilhadas, o que remete a uma prática zen que diz respeito à busca pelo equilíbrio. É uma boa metáfora para o processo de composição de Felix Manuel, que pacientemente dispõe, em camadas sobre camadas, samples, ritmos e timbres, até que o equilíbrio entre cada elemento aconteça naturalmente.
Em um vídeo lançado no ano passado, Felix Manuel divaga sobre seu processo criativo, e vemos as mesmas pedras pintadas na porta do seu estúdio. Lá, ele cita especificamente o trabalho de Paul Horn, um flautista que grava improvisações dentro de locações históricas, como a pirâmide de Gizé, o Taj Mahal, e assim por diante, aproveitando a reverberação natural de cada um desses monumentos da humanidade. Em Meaning’s Edge, Djrum usa essa influência para encontrar no som da flauta algo melódico e sub-reptício, que dita o clima da música sem ir de encontro a nenhum elemento percussivo. As flautas, que ele mesmo toca, vêm de diferentes partes do mundo e incluem a Bansuri, Shakuhatchi e a clássica ocidental, amalgamando a identidade sonora de Djrum em uma coisa só.
As faixas intrincadas de Djrum, seja nas mais percussivas “Codex”, “Crawl”, ou na mais melódica “Frekm”, estão no limiar de onde a expressão pura se torna sentido. É o que acontece quando duas pedras se tocam e algo mágico acontece – a faísca, o diálogo ou a sensação de equilíbrio momentâneo. Nesse ponto de contato entre coisas muito diferentes entre si, Djrum faz surgir algo novo e inesperado.
(Meaning´s Edge em uma faixa: “Codex”)