Resenhas

Ducktails – The Flower Lane

Uma viagem nostálgica que, em 40 minutos, explora sonoridades vindas de diferentes décadas e busca dar sua própria cara a elas

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Ano: 2013
Selo: Domino Records
# Faixas: 10
Estilos: Surf Pop, Indie Pop, Rock Psicodélico
Duração: 40:20
Nota: 4.0

Matthew Mondanile, o nome por trás do Ducktails, continua em seu quarto disco, The Flower Lane, a trilhar seu caminho ensolarado e experimental ao lado dos novos nomes do Surf Pop Psicodélico, como Real Estate (grupo do qual faz parte), Beach Fossils e Lotus Plaza. Como já vinha acontecendo em seus trabalhos anteriores, o projeto vem assumindo um formato colaborativo e foge cada vez mais do Bedroom Pop solitário feito por Matthew em seus primeiros anos.

O disco conta com dez belas faixas que interagem guitarras com timbre vintage e órgãos e sintetizadores que dão o toque ainda mais nostálgico à obra. Você vai perceber que ela é em grande parte dominada pela aura retrô, mas de forma alguma esse é um disco envelhecido ou datado. Ainda que com olho no passado, ele se mantém atual ao dar sua cara ao que já pode se chamar de “estilo retrô”.

Como um álbum ensolarado e raramente abrasivo, as letras de Matthew se encontram com este propósito e criam versos apaixonados e ligeiramente bobos, como “So now she’s gone again / And I feel a mess” (The Flower Lane) ou “I can’t think of anything now / Looking into your eyes” (Assistant Director). O clima apaixonado ganha força com o lindo cover de Peter Gutteridge, em Planet Phrom ou na sedutora Under Cover.

Ao som das guitarras, Ivy Covered House abre o disco seguindo basicamente o que foi apresentado em Arcade Dynamics (2011). Com sua percussão leve e harmonias ensolaradas, ela cresce melancólica e etérea ao som dos vocais chorosos de Mondanile. Em seguida, a faixa-título é responsável por um dos momentos mais memoráveis do álbum. Apresentando uma simplicidade hipnótica, a música pode lembrar em alguns momentos faixas do Real Estate, porém com uma sensibilidade apurada para os timbres Pop (que parecem ter sido resgatados dos anos 60).

O disco apresenta uma nostalgia oitentista de forma branda em Under Cover, com os famosos saxofones que marcaram a década, e Timothy Shy, que lembra as baladas animadas que usavam pianos sincopados e os vocais cheios de reverberação, e de forma incisiva em International Dateline, com as drum machines e os solos de guitarras “bregas” que também eram carta marcada em faixas daquela época.

Ainda inseridos no mesmo período, há espaço para faixas aceleradas e dançantes como Assistant Director, com seu baixo funkeado que é acompanhado por muitos sintetizadores, e Sedan Magic (faixa que conta com a participação vocal de Madeline Follin, do duo Cults), que mesmo não te botando para dançar nas pistas, irá fazê-lo balançar a cabeça de um lado para o outro acompanhando o ritmo.

Se a nostalgia é o que dita o ritmo de The Flower Lane, nada melhor que fechá-lo com uma faixa que recupera a sonoridade do próprio grupo. Academy Avenue tem muito da estética Lo-Fi e da simplicidade do começo do Ducktails e as expõe através da “falta” de produção na canção. Sem dúvida alguma, uma escolha ousada para encerrar o álbum, que até então contava com uma boa produção e o mínimo de ruídos possíveis.

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts