Como já desabafei aqui em outro momento, falar sobre música instrumental é difícil, tanto quanto fazer música instrumental. Passar emoção sem a ter a letra como um mensageiro, tendo apenas a melodia, faz da dedicação ao domínio do instrumento pelo músico ainda maior.
Quem conhece os curitibanos da banda Dunas deve estar se pergutando o porquê dessa introdução falando sobre músicas instrumentais. Pois bem, eis que o quarteto se reinventou e trouxe para mais novo trabalho uma identidade completamente diferente dos riffs de guitarra animados e vocais Pop. Após o EP homônimo à banda, lançado em 2013 nos moldes tradicionais – estúdio e mixagem – Boas-Vindas chega num formato completamente diferente.
Agora, mergulhando em sons mais trascendentes, o quarteto traz um disco que foge dos padrões mais comericiais do primeiro compacto. Com músicas de longas durações, o grupo se dedica a uma cara mais madura. Assim sendo, o foco acaba caindo para um público que busca maior subjetividade e toques artísticos.
Analisar faixa a faixa é algo que parece não cair bem, visto que não foram previamente trabalhas e estruturadas para resultarem neste formato final. O que vale a análise é primeiramente da mudança sem aparente dificuldade, passando de uma banda Pop para uma banda mais conceitual. Algo que não é fácil de ser efetuado, independente de quem seja. O segundo ponto é o o ponto positivo de como os músicos conseguiram dominar muito bem seus intrumento a ponto de compor belas faixas instrumentais etéreas, onde se tem de se dedicar tanto à escalas – como em todo improviso – como na dosagem correta de efeitos como reverb e phaser a fim de não soar algo saturado (o que só complementa o primeiro ponto citado, visto que a banda não tinha intimidade com esse formato de som).
Mudando drasticamente de identidade, Dunas pode ter se encontrado em uma nova vertente e daqui em diante seguir dessa maneira. Ou, pode ser apenas um trabalho casual de experimentação, de entresafra. Aguardemos para um próximo trabalho, que, por ser antecedido por dois EPs, crê-se ser um primeiro disco de estudio, onde será encarado como um definidor de como a banda quer se posicionar.
