Resenhas

Dusted – Total Dust

Simplicidade e espontaneidade marcam o disco do duo, que realizou um dos melhores álbuns do ano

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Ano: 2012
Selo: Hand of Dracula
# Faixas: 10
Estilos: Rock Alternativo, Indie Rock
Duração: 29:54
Nota: 4.5
Produção: Leon Taheny

Total Dust do Dusted é uma daquelas agradáveis surpresas que aparecem na sua vida às vezes subitamente. É análogo àquelas pessoas que você conhece e, em pouco tempo, menos que o normal, já são íntimas, amigas e correspondentes. Isto não costuma acontecer sempre, mas quando acontece marca pra sempre a sua vida, mesmo que a relação tenha sido por um minuto, quatro dias ou um mês.

Em pouco menos de 30 minutos, o terceiro álbum em 15 anos de um duo já calejado na música te convence que deveria estar presente na sua vida em um momento “que seja eterno enquanto dure”. Formado por Brian Borcherdt, líder do grupo de Eletro-Indie Holy Fuck e que já substituiu a linda Feist na antiga banda dela, By Devine Right, e por Leon Taheny, baterista do Death From Above 1979, o Dusted realiza um trabalho luxoso nos sentimentos proporcionados em um álbum minimalista e sincero de Indie Rock.

Com dez faixas, o disco tem uma característica peculiar: a duração de suas faixas cresce uma a uma, criando um efeito semelhante à subida e descida de uma montanha-russa. As canções do começo são ordenadas de forma que a próxima sempre dure mais, até que se chega no cume dessa montanha e as faixas seguintes se tornem mais curtas que as anteriores. E tudo isso faz sentido musical dentro do disco.

All Comes Down começa com as mesmas notas de Videogames da Lana Del Rey. Com a sensação de que foi gravada dentro de um quarto, é quase uma versão demo com sua guitarra estourada, mas extremamente calma. Nela, a voz de Brian ecoa como um sopro de esperança. (Into the) Atmosphere é o primeiro e ensolarado single, perfeito para uma viagem à beira-mar. O solo ao final da canção não consegue trazer outra a imagem à cabeça do que um sol escaldante.

Cut Them Free inicia a viagem ao cume da montanha de forma extremamente simples musicalmente, mas que eleva os ânimos com a alternância entre momentos mais e menos cacofônicos. Low Humming é, talvez, umas das canções mais belas do ano. Minimalista no violão e piano, faria inveja a qualquer membro do The xx. Sua atmosfera terna traz calma ao espírito quando a voz de Brian encontra outros instrumentos mais ao fim. Bruises é o cume da montanha com sua duração de 4 minutos e 21 segundos. Miníma como a anterior, cresce quando a bateria e o baixo entram pra acompanhar o violão e voz. A viagem sonora está criada em um som que mais uma vez irá agradar aos fãs da banda do duplo “x”.

Pale Light começa a descida de volta melancolicamente, mas mantém o espírto do disco. A voz de Brian choca pela facilidade de entendimento e acessibilidade, sendo o fator que traz a compaixão do ouvinte com o que é escutado. Property Lines poderia ser muito bem uma música do Sonic Youth com seu riff que sempre retorna no momento certo. Puro Rock Alternativo, é a canção mais alta da obra, e uma das melhores

As faixas Dusted e Long It Lasts trazem o espiríto contido do projeto de volta com uma guitarra distorcida mas serena e o vocalista criando um elo entre toda essa simplicidade. There Somehow corta a duração de sua antecedente pela metade e acaba de forma súbita e surpreendente. É mais uma analogia às relações espontâneas e marcantes.

Com uma duração perfeita para se transitar entre dois pontos ao longo do dia, menos de 30 minutos, Total Dust é a companhia ideal para um momento em que estar sozinho com seu fone de ouvido se faz necessário. Básico e simples, traz outras questões à música, atual pois consegue transmitir tanta coisa com tão pouco tempo que o excesso de referências parece ser o mais importante.

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BOM PARA QUEM OUVE: J Mascis, The xx, Washed Out
ARTISTA: Dusted

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.